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Os três trabalhos apresentados por Juan Ojea dialogam entre si não apenas pelas formas orgânicas, mas pelos assuntos que são levantados na forma de interagir com o material. A preocupação essencial é se manter sempre atento ao poder inerente de cada suporte como forma de denso entendimento daquilo que acreditamos ser real.
A metáfora dos cipós auxilia + A construir um universo de significados que se encontra na concepção de que, assim como um cipó, a arte funciona quando leva a reuniões e discussões agregadoras. Isso significa que cortar um cipó é uma maneira de machucar a floresta e levá-la para o fim.
Essa metáfora ajuda a conhecer melhor como Ojea dá às suas esculturas uma dimensão humana, algo atingido muito mais pelo que existe nelas de visceral e autêntico do que por uma postura meramente formal e mais preocupada com o discurso do que com a ação.
Efeitos estéticos dos cipós e seu parentesco com casulos gigantes, além da denuncia da falta d’água no planeta, levam a uma reflexão sobre o papel do artista. Tal qual cipó, um criador visual pode unir a floresta. Juan Ojea dá, assim, a cada obra o vigor visual que poucos textos escritos podem atingir.
Oscar D’Ambrosio