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Ricardo Amadasi, em seus trabalhos mais recentes, lida com princípios da escultura como moldes e fundição, e com o poder do buril, próprio da gravura. Consegue assim resultados onde o processo que se oferece ao observador é tão importante quanto à imagem atingida.
Surgem, à moda dos muralistas mexicanos, grupos de pessoas com figuras que se repetem numa proporção épica. Os cortes que abrem veios e nervuras criam tramas e texturas que conquistam o olhar. Nas placas de resina, incisões alertam para o aprimoramento de uma técnica.
Apresenta-se assim um mundo imaginário que exalta a vida e o amor – com críticas, na presente exposição, ao modo como os seres humanos lidam com a natureza. As veredas abertas na matriz indicam a existência de um caminho intuitivo que fortalece um percurso que tem na experimentação uma de suas principais marcas.
A floresta, o boi de Parintins e a vitória da poética sobre o capitalismo selvagem são os assuntos dentro de um universo de possibilidades que a arte propicia. Ao deixar-se levar pela pesquisa, estabelece-se uma lírica vigorosa, em que a delicadeza se cruza com o poder discursivo num andar consciente e, ao mesmo tempo, errante.
Oscar D’Ambrosio