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A obra de Juan Guzman tem no orgânico um de seus principais fatores. A natureza acaba se manifestando mesmo quando não se espera, pois as combinações de formas realizadas evocam, de maneira mais ou menos direta, de acordo com o caso, um falar da vida que busca uma expressão visual.
Certo rebuscamento remete a atmosferas do barroco ou a interstícios humanos, inclusive a massa cerebral, aponta para um mergulho nas entranhas que nos obriga a continuamente pensar se esta vida não é um sonho e se o mais importante é o período em que vivemos acordados ou que acreditamos sonhar.
A obra surge vigorosa pelo uso da cor e pelo impacto visual provocado. Há alguma obsessão no processo criativo, muitas vezes caracterizado pela necessidade de olhar diversas vezes para admirar um método peculiar, carregado de mistério quando alcança seus momentos mais expressivos.
O poder maior do trabalho é atingido quando se entra na esfera do interrogar. Cria-se assim um mergulho plástico do qual é quase impossível escapar. A profusão de detalhes pode gerar repulsa ou admiração, mas pelo menos inquieta, algo que, em si mesmo, já constitui um ponto positivo.
Oscar D’Ambrosio