/governosp
A maneira de Itati Peinado tratar a questão ambiental é contundente. O conceito de trabalhar com a idéia do deserto está além da crítica em relação à violência ocorrida contra o rio Bermejo, em San Juan, Argentina. A obra plástica atinge a universalidade por lidar com o arquétipo da desolação.
Isso significa a exploração visual do conceito de que a destruição de um rio remete a uma prática de aniquilamento ambiental que atinge cada indivíduo e a humanidade como um todo. Nesse aspecto, a solidão que o trabalho gera estimula um pensar o cotidiano com novos olhos.
A artista traz para o primeiro plano a discussão de como maltratar um ambiente é a mesma coisa que agredir um ser humano. Estabelece-se um processo em que não há mais diferenças entre aquilo que se faz ao próximo e o que se pode fazer ao meio. Essa caminhada de significados gera perguntas e traz dúvidas de difícil solução.
A aridez que Itati Peinado nos apresenta se manifesta por um construir visual em que a demanda maior para o observador é não permitir que seus olhos se acomodem. A artista propõe, na plenitude do questionar, uma concepção mental que não tem começo ou fim e se manifesta pela contínua busca de respostas para o enigma de existir.
Oscar D’Ambrosio