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As figuras alongadas de Mónica Báez trazem consigo um pensamento sobre a importância das obras de arte em seu diálogo com o espaço. Pensar como lidar com ele demanda reflexão, intuição e muito carinho. Existe um espírito absolutamente visceral que estimula cada indivíduo a encontrar sua melhor forma de ocupação do suporte.
As sutilezas no uso da cor colaboram para erguer um quê de mistério, uma poética que se instaura não somente por aquilo que é mencionado, mas, principalmente, pelo que está oculto e não-dito. Os diálogos visuais propostos alertam para um caminhar plástico que se alimenta do desconhecido para compor uma unidade própria.
O trabalho leva o observador para a esfera da eternidade. É gerado uma espécie de jardim edênico que está além do místico, pois se articula numa concretude do ser que maravilha – mas também assusta, pois o inusitado e mágico têm o assombroso poder de originar inquietações.
A forma de atuar sobre os vazios reforça a idéia central da concepção plástica de que mergulhar naquilo que existe de mais complexo demanda uma libertação dos próprios medos para atingir a universalidade. Esse exercício se dá num fazer permanente em que o prazer e o temor do ato de criar caminham sempre juntos.
Oscar D’Ambrosio