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São Paulo, 10 de julho de 2011.
A Fundação Memorial da América Latina apresenta a 9ª Exposição de Artistas Plásticos Argentinos Residentes no Brasil, com a participação, pela primeira vez, de artistas especialmente convidados da própria Argentina. A mostra é uma iniciativa do Club Argentino de São Paulo e tem a curadoria do professor e crítico de arte Oscar D´Ambrosio. A inauguração se deu na terça, 9 de agosto, na Galeria Direita do Auditório Simón Bolívar. A partir desta quarta, 10, está aberta à visitação gratuitamente das 9 às 18h (exceção dos dias em que há no local eventos não abertos).
Participam da 9ª Exposição de Artistas Plásticos Argentinos Residentes no Brasil os seguintes criadores: Antonio Lizárraga, Adriana Zoudine, Ester Santiago, Guillermo von Plocki (pintura no último parágrafo), Horacio Gerpe, Juan Jose Balzi, Alicia G. Rossi, Juan Ojea, Maria Eugenia Cordero, Ricardo Amadasi, Roberto Vivas, Juan Guzman, Leila Monsegur, Cynthia Ethel Girardengo, Guido Bogetti, Damiana Suriani, Juan Maresca, Eduardo Schamó e Sol Abadi. Os artistas especialmente convidados da Argentina são: Itati Peinado, Silvina Gardonio (abaixo), Monica Baez (obra ao lado) e Julia Vallejo Puszkin (desenho acima).
Como nos últimos dois anos, Oscar D`Ambrosio escolheu um tema – “Florestas” – sobre o qual os artistas se propuseram a criar dentro do seu estilo e universo criativo. No ano passado, a sugestão foi “A Argentina hoje”, já que se comemorava o Bicentenário da Independência. Em 2009, os trabalhos foram em torno da questão básica de “O que é ser Argentino no Brasil”.
As sete primeiras edições da exposição aconteceram no Memorial do Imigrante e eram coletâneas de obras dos artistas sem que algo em comum as ligasse. “Depois resolvemos mudar o conceito”, explica D`Ambrosio, “desenvolvendo um tema para que dê certa unidade aos trabalhos, para que eles dialoguem entre si”. D`Ambrosio explica que se reúne com os artistas seis meses antes e vai acompanhando o processo criativo de cada um. “No próximo ano o tema será um escritor argentino, que deve ser escolhido pelo artista livremente (mas não pode repetir). Será uma oportunidade do público brasileiro conhecer outros escritores que não o Borges ou o Cortázar”, explica.
Como nos dois anos anteriores, a exposição homenageará talvez o maior artista argentino “brasileiro” – Antonio Lizárraga, falecido em 2009, aos 84 anos. A exposição começa com dois quadros dele. Lizárraga (foto) se transferiu ao Brasil em 1959, aos 35 anos, após se entusiasmar com a efervescência artística de São Paulo. Aqui se tornou figura seminal no desenvolvimento do abstracionismo geométrico tão caro aos concretistas. “Ele é um paradigma para toda a classe artística”, conta D`Ambrosio. Em 1983 Lizárraga sofre um acidente vascular cerebral que o deixa tetraplégico. Mesmo assim, dois anos depois, ele passa a orientar assistentes a concretizarem suas construções mentais, que exploram as múltiplas possibilidades da composição da forma e da cor no espaço.
D`Ambrosio conta que a maioria dos artistas argentinos radicados em São Paulo que participam dessa exposição já vieram ao Brasil com a formação completa. “Eles estão em média cerca de dez anos aqui e trazem uma formação teórica e conceitual que chega a me surpreender”, diz o curador sobre as conversas que mantém com os artistas. Segundo ele, os argentinos do Brasil revelam grande conhecimento da história da arte, que D`Ambrosio atribui à formação à europeia que eles ainda conservariam. Por outro lado, “90% dos artistas se dedicam à boa pintura, evidenciando certa formação mais tradicional.” Também há esculturas e uma instalação.
Segundo D`Ambrosio, “a Assembleia Geral da ONU declarou 2011 como o Ano Internacional das Florestas. Isso significa que haverá no período uma especial promoção de atividades voltadas para o comprometimento com o manejo sustentável, a conservação e o desenvolvimento das florestas em todo o mundo. Com esse ponto de partida, os artistas convidados apresentarão trabalhos coletivos e individuais numa jornada plástica e simbólica.”
A comunidade argentina residente no Brasil é grande e antiga. Muitos vieram a procura de oportunidades e outros fugindo da perseguição política dos anos 70 e 80. Especialmente em São Paulo eles contribuíram para o enriquecimento de vários campos culturais, como a psicanálise, o cinema, as ciências humanas e as artes plásticas, entre outros. Plenamente inseridos na sociedade brasileira, os argentinos alcançaram a maturidade artística que lhes permite, em vários casos, não só manterem um diálogo com a sua base (a comunidade de imigrantes), como também se inserir no circuito artístico brasileiro (como é o caso de Adriana Zoudine, Maria Eugenia Cordero e Horácio Gerpe) e ir além: iniciar um diálogo com os artistas da terra natal.
D`Ambrosio dá boas vindas aos artistas convidados da Argentina deste ano. “Quero que esse intercâmbio aumente cada vez mais. Espero que nos próximos anos venham mais artistas de lá. Na verdade, meu sonho é que um dia façamos o caminho inverso e que os artistas argentinos radicados aqui possam expor lá”, confessa.
O argentino Oscar D`Ambrosio emigrou com a família aos cinco anos de idade. Aqui se formou e se tornou responsável por uma extensa folha de serviços prestados à cultura latino-americana. Bacharel em Letras (Português e Inglês), mestre em Artes pela Unesp (Universidade Estadual Paulista) e Literatura Dramática pela ECA (Escola de Arte Dramática da USP). D´Ambrosio integra a Associação Internacional de Críticos de Artes (Seção Brasil), Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e a União Brasileira de Escritores. Publicou, entre outros, “Os Pincéis de Deus: Vida e Obra do Pintor Naïf Waldomiro de Deus” (Editora Unesp) e “Mito e Símbolos em Macunaíma” (Editora Selinunte). Também escreveu livros sobre os artistas plásticos Adelio Sarro, Claudio Tozzi, Jocelino Soares, Juan Muzzi, Peticov, Caciporé, Jonas Mesquita e Rubens Matuck, entre outros.
Por Eduardo Rascov
Serviço:
9ª Exposição de Artistas Plásticos Argentinos Residentes no Brasil
Curadoria: Oscar D’Ambrosio
10 de agosto a 4 de setembro, das 9h às 18h
Galeria direita do Auditório Simón Bolívar
(com exceção dos dias em que há no auditóio eventos não abertos)
ENTRADA FRANCA