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Em recente visita ao Memorial, Edwin Ostos, cônsul-geral da Colômbia, contou os motivos que os levaram a fazer este ano um Festival muito maior e em vários pontos da cidade. Ele também aborda algumas questões cruciais que envolvem seu país, nos dias que antecedem a visita ao Brasil e ao Memorial do presidente Juan Manuel Santos. Acompanhe a entrevista:
Por que o governo da Colômbia resolveu fazer esse Festival agora?
O objetivo do festival é mostrar o verdadeiro rosto da Colômbia, que é um país com uma cultura diversificada, tão rica quantoa do Brasil. Então programamos exposições, exibição de filmes e palestras, entre outras coisas, que podem dar a conhecer às mentes brasileiras como é a Colômbia.
Como está a relação atual entre Colômbia e Brasil?
Atualmente, o comércio é bom entre os dois países, mas o fluxo comercial tende a aumentar. As empresas brasileiras já perceberam que o nosso país atualmente oferece segurança para investimento. As principais construtoras brasileiras, por exemplo, já estão lá participando de licitações públicas ? e concorrendo com similares colombianas e de outros países ? para a construção de rodovias, pontes etc.
O mesmo está acontecendo com muitas empresas colombianas, o que é muito importante para nós. Temos empresas diferenciadas nas áreas de aviação e editorial, por exemplo ? são multinacionais colombianas que só agora estão chegando ao Brasil. Outro exemplo são as empresas de energia elétrica colombianas, que já estão em São Paulo, concorrendo com as empresas daqui no setor elétrico. Empresas de engenharia também. Enfim, o Brasil está podendo conhecer o profissionalismo dos colombianos. Acho que o trabalho conjunto com os brasileiros tem tudo para dar cada vez mais certo.
Os fatos recentes na política colombiana apontam para um fortalecimento da democracia, não?
O fortalecimento da democracia já vinha com o antigo presidente. Dar segurança à população é muito importante para a população. Os terroristas fizeram muito dano à sociedade. Era realmente o terror. Com isso a sociedade inteira perdu muito espaço, seja econômico, cultural, educacional etc.
Com o novo presidente a situação tem uma ligação estrita com essa questão ? a da segurança ? e vai além. Ele tem outras considerações importantes, como por exemplo de que é o momento de crescimento da Colômbia, de prosperidade, de fortalecimento do Estado, de fortalecimento do Judiciário e do Congresso. A sociedade colombiana hoje está otimista.
Qual deve ser o enfrentamento do desafio insurgente, que insiste em prosseguir?
Acho que o presidente tem sua política sobre esse tema. É cedo ainda para comentar. Mas é claro que ele continua com a mão firme na defesa da segurança. O presidente falou em seu discurso de posse que vai continuar a política forte contra as FARCs e qualquer outro grupo
terrorista, mas falou também que as portas não estão fechadas.
E a relação com os países vizinhos, como Venezuela e Equador?
Houve recentemente uma reunião entre a ministra das relações exteriores da Colômbia e seu colega venezuelano. Fizeram grupos de trabalho sobre as principais questões que envolvem os dois países. Estamos otimistas que as relações com os países vizinhos vão se fortalecer. É muito importante para nós reforçar o relacionamentos com Venezuela e Equador, bem como com os outros vizinhos, como o Peru e o Brasil, claro.
É a primeira vez que vocês realizam um festival como esse?
É a primeira vez que expandimos o Festival para diferentes espaços culturais de São Paulo. Tivemos, por exemplo, uma palestra sobre ?neurociência e arte? no MASP e uma visita guiada da exposição do ouro na Pinacoteca, com o acervo do Museu do Oro, de Bogotá. A mostra é a mais importante do mundo em seu gênero.
No Instituto Cervantes houve exposições de fotos, de livros e palestras. A sobre as rádios na Colômbia, por exemplo, pode ser um bom modelo para o Brasil. Lá as rádios são muito bem sucedidas. Os meios radiofônicos têm muita audiência: a primeira coisa que as pessoas fazem quando acordam é ligar o rádio; na transmissão do futebol, as pessoas abaixam o som da televisão, continuam assistindo as imagens, mas ouvem o rádio…
Outra palestra interessante foi a sobre as bibliotecas públicas da Colômbia. Elas são grandes e bem sucedidas. Somente em Bogotá temos cinco mega-bibliotecas, que proporcionam a integração entre os cidadãos e com o entorno, já que são espaços arquitetônicos abertos integrados à cidade ? uma delas, aliás, ganhou o Prêmio Bill Gates por seu trabalho com a internet e pela arquitetura
Também houve uma palestra sobre a história da Colômbia, pois afinal estamos comemorando o Bicentenário da Independência. Na FAAF, a palestra foi sobre as leis de incentivo cultural nos dois países: como os artistas tornam realidade seus sonhos.