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O recém empossado presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, encerrou no Memorial da América Latina sua primeira visita a um país estrangeiro depois que assumiu, em 7 de agosto. Não foi por acaso, como ele mesmo assinalou: “Que bom terminar essa viagem ao Brasil aqui no Memorial. Não creio que seja uma coincidência, o todo poderoso faz a coisa certa. Este Memorial está destinado a promover a integração latino-americana e eu vim, nesta primeira visita, também para promover a integração latino-americana, pois ela é necessária”, disse em rápido discurso, um pouco antes de inaugurar a exposição “Colômbia em São Paulo”, no Pavilhão da Criatividade.
Juan Manuel Santos teve uma agenda intensa nesses dois dias no Brasil (1 e 2 de setembro). Encontros com autoridades federais e estaduais, políticos e empresários. Entre seus compromissos em Brasília e São Paulo, estava a assinatura de 8 acordos comerciais, que incluía transferência de tecnologia para a produção de biocombustível e segurança de fronteira. No Memorial ele chegou acompanhado dos ministros da Defesa, Rodrigo Rivera, do Comércio, Indústria e Turismo, Sergio Diaz-Granados, e das Relações Exteriores, María Ángela Holguín (foto à direita), entre outros membros de seu governo.
Ao Memorial foi reservada a parte mais amena, agradável, cultural e simbólica de seus compromissos, incluindo encontro com a comunidade. Ao passar diante do busto de Simón Bolívar, por exemplo, Juan Manuel Santos comentou que “o sonho de Simón Bolívar ainda é vigente depois de 200 anos, mas eu diria que hoje temos uma grande oportunidade, talvez maior, de realizar esse sonho”. Santos citou palavras de Bolívar que marcaram gerações e gerações: “Somos cada país um país importante com muitas fortalezas, mas unidos seremos a grande potência”.
O presidente Santos está otimista. “Por isso eu ofereci a mão ao presidente Chaves (Venezuela). Disse-lhe, não vamos talvez nunca pensar igual, mas respeitemos a diferença – eu respeito como você pensa e você respeita como eu penso. Se fizermos isso será a melhor decisão para os nossos povos. Disse o mesmo ao presidente Correa (Equador) e isso já está produzindo resultados.”
O Pavilhão da Criatividade guarda o melhor da arte popular de vários países da América Latina (na foto ao lado, apresentação de capoeira). Percorrendo-o, o presidente comentou como está feliz em poder cumprir uma agenda propositiva e ativa, tão diferente de há alguns anos, quando a Colômbia era símbolo de violência, sequestros e narcotráfico. “Queremos devolver aos colombianos o lugar no mundo que eles merecem, porque a Colômbia é um país com grande futuro, com gente maravilhosa”.
Um grupo de crianças da escola pública República da Colômbia, que é apoiada pelo Consulado da Colômbia de São Paulo, se perfilou para conhecer o presidente Santos. Ele fez questão de conversar com cada uma delas, perguntando o nome e a idade. “O Memorial simboliza a integração e elas o futuro”, disse.
Antes de se dirigir ao aeroporto, onde embarcaria para seu país, o presidente da Colômbia voltou a falar sobre a potencialidade do continente, que, segundo ele, deve ser explorada conjuntamente. “A América do sul tem tudo o que o mundo discute e precisa hoje: “biodiversidade”, pois não há continente mais biodiverso e com mais riqueza que o nosso; “água”, cuja riqueza aqui no Brasil e na Colômbia é enorme; “alimentos”, já que o consumo está aumentando nos países que estão tirando milhões de pessoas da pobreza – como China, Índia e Indonésia – e isso vai gerar uma crise, já está gerando, uma crise alimentícia. Bem, no Brasil e na Colômbia há um enorme potencial para multiplicar a produção de alimento". E em seguida, complementou: "Isso sem falar na potencialidade do nosso “nosso capital humano”, que é o nosso maior tesouro".
Após descerrar a placa (na foto acima, sendo cumprimentado por Fernando Leça, presidente do Memorial ) em sua homenagem e alusiva ao Bicentenário do início do processo de independência da América Latina, Santos destacou que “são enormes as frentes nas quais poderemos trabalhar juntos e assim gerar sinergia – um mais um soma mais que 2. Foi por isso escolhi o Brasil para minha primeira visita. Estava certo, pois me senti muito bem acolhido neste país, algo que honra muito a nós colombianos”.
Texto: Eduardo Rascov
Fotos: Daniela Agostini