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São Paulo, 25 de maio de 2010.
A Fundação Memorial da América Latina abriu nessa segunda, 24, a exposição “Al-Boeira”, do artista plástico espanhol contemporâneo José Sanleón. As 29 obras pertencem ao acervo do Instituto Valenciano de Arte Moderna (IVAM), organismo cultural mantido pelo governo regional de Valência, Espanha, com quem o Memorial tem convênio de intercâmbio cultural.
Segundo Consuelo Ciscar Casabán, diretora do IVAM, “o artista realiza uma aproximação estética e emocional à paisagem natural na qual se encontra vinculado, el Lago de la Albufera, Al-boeira, em árabe”. Local onde o autor passou a infância e, portanto, mora em sua mais autêntica intimidade, o lago é hoje uma das principais atrações turísticas de Valência.
“Al-Boeira” já esteve exposta em Nova York, onde teve boa acolhida pela crítica, Lisboa, e na sede do IVAM, em Valência. O diálogo criativo com a natureza foi desde sempre o traço marcante da obra de Sanleón, mas ficaria ainda mais substantivo nos dois últimos anos, quando o artista reencontrou uma velha e íntima referência de sua infância, o lago Albufera.
O próprio artista é quem melhor explica esta etapa da sua carreira, que “surge da necessidade vital de aproximar-se da natureza, tanto a nível iconográfico quanto respondendo aos apelos interiores dos distintos estágios emocionais da alma. Não se trata da narração mais ou menos objetiva de uma imagem determinada, mas de introspecção através da memória convertida em vivência pintada. A motivação deste trabalho vem da busca ideal da essência da pintura.”
Professor na Faculdade de Belas Artes de Valência, onde nasceu em 1953, Sanleón fez parte da geração de artistas que lideraram a renovação do panorama estético espanhol nos anos 80. Da abstração lírica, evolui para a pintura conceitual e, em seguida, desenvolve suas habilidades em escultura e em técnicas de serigrafia, ampliando essa estética à colagem. Sua obra logo seria reconhecida como diferenciada pelo IVAM, que nos anos 93/94 organizou uma exposição com obras do artista inspiradas na paisagem urbana de cidades como Nova York e Roma.
“Partindo de premissas próximas ao expressionismo abstrato americano e dos pressupostos conceituais e materiais da Arte Povera”, explica Consuelo Ciscar, “Sanleón em desenvolvendo em sua obra aspectos cruciais, como a reinterpretação da paisagem da cidade, a metáfora do labirinto, a homenagem aos clássicos e, talvez o mais importante, o conceito da pintura como território em continua mutação e expansão.”
O IVAM é uma instituição pública que tem exercido um importante papel de apoio ao artista espanhol, principalmente, mas também europeu e até de outros continentes. Segundo Joan Bria Gómez, Diretor de Gestão Interna do Instituto, o IVAM tem uma coleção de mais de 10 mil obras. “Estão representados os artistas mais importantes do século 20 em nível internacional, em todas as tendências. É um verdadeiro patrimônio do povo valenciano”, diz.
O Memorial já abrigou duas outras exposições de artistas cujas obras pertenciam ao IVAM: os desenhos, pinturas e esculturas do inglês John Davies, em 2006, e as pinturas, fotografias e instalação do artista e arquiteto natural de Angola e radicado em Portugal, Júlio Quaresma. “Queremos continuar com essa parceria, inclusive recebendo em nosso país mostras de coleções de museus brasileiros”, conclui Joan Bria.
Serviço: Exposição José.Sanleón. Al Boeira
Dia: De 25 de maio e 20 de junho
Local: Galeria Marta Traba
Entrada gratuita – de terça-feira a domingo, das 9h às 18h
Classificação Livre
Memorial da América Latina
Avenida Auro Soares de Moura Andrade 664 – portão 6
Fotos: Daniela Agostini