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A diretora geral para assuntos culturais do Ministério das Relações Exteriores do México, senhora Cecília Geiber, visitou a Fundação Memorial da América Latina, na sexta, 26 de março (na foto ao lado, ela conversa com Fernando Leça, presidente do Memorial, e José Adolfo Melfi, diretor do Centro Brasileiro de Estudos da América Latina, deste Memorial). Geiber veio acompanhada dos cônsules em São Paulo, Fernando Espinosa e Oscar Carvajal. Depois de conhecer alguns lugares do país a diplomata se declarou “encantada com o Brasil” e disposta a colaborar com o incremento do intercâmbio cultural entre as duas nações.
Um pouco antes, ela tinha estado em Brasília, onde se reuniu com colegas no Itamaraty. Nesse encontro ficou acertado que 2012 será o “ano do México no Brasil”. Ela explicou que 2010 é na Espanha e 2011 na França. Essa iniciativa mexicana faz parte das comemorações do Bicentenário da Independência da América Latina. O processo de libertação política das colônias ibero-americanas da dominação espanhola e portuguesa é complexo e se extende ao longo das primeiras décadas do século XIX. No entanto, o início se dá em 2010 em quase todos os casos, provocado pela invasão ibérica das forças napoleônicas.
Por isso, as comemorações já começaram no México, Argentina, Venezuela, Cuba, Colômbia e em outros países do subcontinente. No Memorial da América Latina, por exemplo, uma série de eventos conjuntos está sendo programada, incluindo exposições, shows musicais, mostras de cinema etc. Um dos locais que poderá receber eventos é o Pavilhão da Criatividade, cuja curadora, Maureen Bisilliat, mostrou o acervo para a delegação mexicana.
No próximo30 de abril, por sinal, haverá no Memorial show conjunto do Ensamble Gurrufío (Venezuela) & Hamilton de Holanda (Brasil). Há 25 anos, o quarteto venezuelano Gurrufío (contrabaixo, “quatro”, “maracas” e flauta) se dedica à pesquisa, arranjo e reinterpretação da música instrumental de seu país. No Memorial, este grupo de carreira internacional dialoga com Hamilton de Holanda, músico de renome mundial, bandolinista de técnica soberba e brasilidade absoluta, chamado nos EUA de “Jimmy Hendrix do bandolim”. Juntos, fundem duas linhagens musicais latino-americanas em músicas como “El Vuelo Del Diablo”, que é uma variação sobre “O vôo da mosca”, de Jacó do Bandolim, mesclada a “El Diablo suelto”, de Heraclio Fernández, dois compositores que provavelmente nunca se conheceram, mas cujo legado conversam entre si como velhos amigos.
Após passear pelo conjunto arquitetônico ciceroneada pelo presidente do Memorial, Fernando Leça, a embaixadora Cecília Geiber declarou “fazer sentido este local tão bonito e latino-americano” sediar iniciativas mexicanas no exterior, para comemorar o Bicentenário. No Salão de Atos Tiradentes, ela assinou o "livro de ouro" do Memorial e deixou uma mensagem.
Leça solicitou-lhe que se somasse aos esforços do Memorial em trazer a São Paulo uma grande exposição da grande pintoras mexicana e uma das maiores ícones das artes e do feminismo latino-americano – Frida Kahlo. “A nossa galeria Marta Traba já recebeu grandes vultos das artes latin-americanas, como Fernando Botero, Guayasamín e o também fotógrafo Juan Rulfo, autor do genial “Pedro Páramo””, comentou Fernando Leça. Na foto do parágrafo anterior, a gerente da galeria Marta Traba, Ângela Barbour, dá mais explicações sobre os planos do Memorial nesse sentido.
As relações entre o Memorial e diversas instâncias mexicanas já são boas, o que não significa que não possam ser intensificadas. Até recentemente, o cônsul geral do México em São Paulo, Salvador Ariola, desenvolvia um interessante trabalho, articulando os consulados latino-americanos no apoio a iniciativas do Memorial (em 2010, Ariola assumiu nova missão na Secretaria Geral da Cumbre Ibero-Americana, na Espanha, e um novo cônsulo-geral mexicano deve chegar em São Paulo em breve). Nos próximos meses, teremos uma grande exposição de gravadores contemporâneos desse país, em parceria com o Museo Nacional de la Stampa, do México. E o professor Melfi embarcou para a cidade do México, no próprio dia 26, para conversações na UNAM – Universidade Nacional Autônoma Livre a fim de trazer um especialista mexicano na questão da água para a Cátedra Unesco Memorial da América Latina.