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A Fundação Memorial da América Latina comemorou seus 21 anos de vida com um show de Toquinho, nessa quinta, 18 de março, acompanhado da cantora Vanda Breder. O Auditório Simón Bolívar lotou. Entre o público, representantes do corpo diplomático latino-americano no Brasil, como o embaixador argentino Juan Pablo Lohlé e o cônsul geral da Bolívia, Jayme Valdivia.
Fernando Leça, presidente do Memorial, deu as boas vindas a todos e agradeceu ao público e aos funcionários do Memorial, que carregam a responsabilidade de ser fiel à missão concebida por Oscar Niemeyer e Darcy Ribeiro para esta instituição – integrar as diversas manifestações culturais do subcontinente. “Estamos procurando por meio de um esforço permanente ser dignos deste legado”, afiançou Leça (de gravata, na foto acima), que lembrou “a pregação do estadista Franco Montoro em prol da união latino-americana”, que resultou no Memorial, criado na gestão de Orestes Quércia.
Após a exibição de um documentário contando a história do Memorial, subiu ao palco Toquinho, já entoando um pouporri de grandes sucessos dele e de Vinícius de Morais, como “Tarde em Itapuã”. Especialmente falante esta noite, Toquinho comentou ser “um prazer estar aqui no Memorial de novo, com esse astral de Adoniran Barbosa. Ele é um músico que tem que ser sempre lembrado, é uma célula única na MPB”. Toquinho se referia ao centenário de nascimento de Adoniran Barbosa, comemorado em 2010. Toquinho conheceu bem Adoniran. “Ele ia nas nossas peladas de gravatinha borboleta e tudo”, contou. “As composições dele eram fruto do seu cotidiano, da sua vida. Ele falava assim e era daquele jeito mesmo. Um artista autêntico”.
Toquinho citou Drummond – “De tudo resta um pouco/ Tem um pouco do teu queixo/ No queixo da tua filha” – para dizer “imagina quantos músicos não têm em meu violão”. E foi exemplificando suas influências e companhias musicais. Segundo Toquinho, em seu violão tem Tom Jobim, claro. E toca “Este seu olhar”. Tem Baden Powel (tocou “Samba da Benção”, “um músico sem preconceitos, que colocou o afro e acordos simples na MPB”. E tem Paulinho Nogueira (Bachianinha nº 1), que gostava de dizer que Bach é a voz de Deus… e tantos outros.
Mas a surpresa da noite estava por vir. Toquinho chamou ao palco Carlinhos Vergueiro para uma canja, que também conheceu bem a Adoniran Barbosa, inclusive foram parceiros. Juntos cantaram “Saudosa Maloca”. Foi um dos momentos mágicos do show. O biz, como não podia deixar de ser, foi a imortal “Trem das Onze”. E assim o Memorial festejou seus 21 anos homenageando um dos compositores populares mais interessantes da América Latina – Adoniran Barbosa.
fotos de Fábio Pagan