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Memorial oferece três espetáculos gratuitos nesta sexta: além do cubano, às 21h, na sala 1 do Auditório Simón Bolívar, será apresentado, na sala 2 às 19h, “Sonho de uma noite de verão”, texto de Shakespeare interpretado pelo Grupo Rotunda, de Campinas, Brasil. E na lona do Circo do Tubinho hoje será a vez de Marcelino Pão e Vinho, às 18h.
Mas as atividades teatrais do 4º dia do Festibero começam, na verdade, às 16h, com interessante debate sobre as tendências da nova dramaturgia.
Sinopses e fichas técnicas das peças da mostra principal do III Festibero
A história do Circo de Teatro Tubinho e as sinopses de seus espetáculos
O III Festival Ibero-Americano de Teatro de São Paulo teve abertura com a casa lotada, na segunda, 8 de março. Os novecentos lugares do Auditório Simón Bolívar foram tomados por um público ávido por assistir as produções brasileiras apresentadas na noite e por conhecer o teatro que se faz nos países com os quais temos afinidades de língua e cultura. Ao dar as boas vindas, Fernando Calvozo (à esquerda na foto, ao lado de Elvira Gentil e Paulo Betti), idealizador e coordenador do Festibero, ressaltou a consolidação deste evento internacional organizado pelo Memorial. Nesta terceira edição, o Festibero reforçou sua comissão curadorial, o que se refletiu na qualidade dos espetáculos e na maior visibilidade no meio teatral, no público e na imprensa.
Em seguida, o presidente do Memorial, Fernando Leça – aproveitando que 8 de março é o Dia das Mulheres – homenageou-as em sua fala, relembrando as grandes damas do teatro nacional, como Ruth Escobar, Fernanda Montenegro, Cacilda Becker, Clayde Yaconis e Maria Della Costa (na foto ao lado, Leça entrega um ramalhete de flores à diretora tealtral Elvira Gentil e à dramaturga Analy Alvarez). Lembrou também que pela primeira vez uma mulher havia acabado de levar o Oscar de melhor diretora (Kathryn Bigelow com “Guerra ao Terror”). Ainda se remetendo à festa do Oscar, Leça destacou as duas películas latino-americanas finalistas na categoria Melhor Filme Estrangeiro, vencida pelo argentino “O Segredo dos Teus Olhos”, de Juan Jose Campanella. O outro concorrente latino-americano era o peruano “La Teta Asustada”, de Claudia Llosa, aliás, outra mulher. Mas, como disse Leça, era de teatro, a arte do ator por excelência, que tratava a noite. O presidente do Memorial destacou a participação na curadoria do Festibero dos atores Lima Duarte e Paulo Betti, além da diretora Elvira Gentil.
O próximo a pisar no palco foi Lima Duarte, que vinha prometendo uma surpresa na apresentação do monólogo “O Ator”, de Chico de Assis. E ela veio logo após sua interpretação. Na tela, surge o personagem de Lima Duarte na novela “Caminho das Índias”, segurando uma naja pelo pescoço e “conversando” com a cobra. Um descuido e, num átimo, a serpente se estica e dá uma bicada no lábio de Lima.
“Essa cena aí não foi ao ar, mas é um exemplo de como é a vida de ator. Aquele lá, não era eu, era o personagem. Na vida real eu não faço isso, que não sou louco”, explicou o ator, que em seguida revelou o seu lado de cineasta com a exibição de um filme produzido em uma aldeia indígena com atores mirins da ONG Bem-Te-Vi, da qual Lima Duarte participa.
Era a primeira vez que Lima Duarte interpretava este texto escrito especialmente para ele logo após o encerramento das gravações da novela “O Salvador da Pátria”, na qual viveu o personagem Sassá Mutema, ainda vivo no imaginário popular. “O ator não pode permanecer com a cabeça cheia de emoções, idéias, conceitos e preconceitos. É preciso deixar de ser, é preciso ser nada. No nada cabe tudo”, contou Lima Duarte como que explicando o segredo da arte do cortejo de atores que desfilarão pelo palco do Memorial até o fim do festival.
Em seguida, um frisson correu a sala quando Denise Fraga apareceu diante do palco e liderou o elenco de “A Alma Boa de Setsuan” na distribuição dos folders da sua peça. Foi o primeiro gesto com que ganharia a empatia do público que, uma hora e pouco depois, iria aplaudi-la de pé e ao competente elenco que abriu o Festibero 2010.
A programação teve sequencia na terça-feira, 9 de março, com duas peças de companhias estrangeiras: Rodando (Argentina) e Los Padres Terribles (Uruguai). Também começou a mostra paralela no Circo Teatro Tubinho, armado ao lado do auditório, com a peça Canção de Bernardete.
Na quarta, foi a vez de O Ébrio, outro clássico da dramaturgia nacional e um dos mais tradicionais no gênero de circo teatro.Na Mostra Principal, houve a apresentação pelo Grupo Tapa da peça As Viúvas, de Arthur Azevedo, com direção de Sandra Corveloni, premiada atriz brasileira que ganhou a Palma de Ouro de 2008 em Cannes. Em seguida, entrou em cena a montagem do grupo peruano Komilfó Teatro, La importancia del abrazo.
Terceiro dia de espetáculos
Ele é um homem comum que conta sua história de vida tentando transformar sua dor em divertimento para a platéia. É Tom Pain, uma obra baseada em nada, do grupo mexicano Entre Piernas Produções.
Um casal ambicioso e cheio de planos que se desmoronam quando recebe uma estranha e reveladora correspondência do FBI sobre o passado deles. Ela é Vitória, jornalista. Ele, Daniel, advogado. A vida deles é uma combinação explosiva. Eles são o casal Tu Ternura Molotov, produção colombiana.
O mago Próspero, a filha Miranda e seus fiéis escravos Calibã e Ariel vivem em uma ilha paradisíaca repleta de labirintos, aventuras e revelações. Nela, a natureza é imprevisível. Tudo pode acontecer com A Tempestade e os Mistérios da Ilha, do grupo gaúcho Santa Estação Cia de Teatro.
Essas três montagens de diferentes temáticas são as atrações do quarto dia da terceira edição do Festibero 2010 realizado pelo Memorial da América Latina. A história de Tom Pain será levada no Circo Teatro Tubinho, a partir das 18 horas. A peça é um desafio para criófobos (pessoas que tem fobia de frio): o ator, Gerardo Trejoluna, passa o tempo inteiro sentado ou imerso em um grande cubo de gelo. O texto, do americano Will Eno, tem Alberto Villarreal na direção.
Quando todo gelo tiver se transformado em água, ali pelas sete da noite, começa na platéia B do Auditório Simon Bolívar a trama que envolve do casal que sonhava com o jet set social e econômico. Não será difícil identificar na história de Vitória e Daniel (foto à esquerda) casos que rotineiramente saem das colunas sociais para as páginas policiais. O diretor Wilson León Garcia D, dá a deixa: “Há (no casal) um terror cotidiano, produto de nossas convicções, preconceitos e até mesmo as idéias que mais defendemos e queremos”. O par central desse humor negro de autoria do venezuelano Gustavo Ott são os atores Jairo Camargo e Patrícia Tamayo.
Agora que todo mundo já sabe o que continha o explosivo pacote, é só transferir-se para a platéia A do Simon Bolivar, onde às 21 horas abrem-se as cortinas e começa o espetáculo final do dia. E nada melhor para encerrar a noite do que um conto de mágica com o texto que Hermes Bernardi Jr. adaptou do original de Shakespeare para a direção de Jezebel de Carli. Os atores e bailarinos do coletivo teatral Santa Estação, de Porto Alegre, querem justificar o cartel de prêmios acumulados nos sete anos de vida.
Entre um e outro espetáculo, há boas opções para quem quiser espairecer e agregar informação. Uma delas, a partir das 20 no foyer do auditório, é a sessão de autógrafos de livros editados pela Imprensa Oficial, entre eles, Os Satyros, de Alberto Guzik. Antes disso, às quatro da tarde, tem início a Mesa de Debates com um respeitável elenco de diretores, autores e atores/atrizes: Ligia Cortez, Zé Carlos Andrade, Rodolfo Garcia Vasques, Pilar Nunes, Lucia Capuani. (Daniel Pereira).
Fotos: Fábio Pagan e divulgação
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Saiba mais sobre o III Festibero
A programação traz os seguintes espetáculos:
8 de março – segunda-feira – Brasil
20h30 – abertura oficial – auditório Simón Bolívar – sala 1
21h00 – Monólogo “O Ator”, de Chico Assis, com Lima Duarte, São Paulo, Brasil – aud. Simón Bolívar – sala 1
21h30 – “A Alma Boa de Setsuan”, de Bertolt Brecht, direção de Marco Antonio Braz, com Denise Fraga, Brasil – aud. Simón Bolívar – sala 1
9 de março – terça-feira – Uruguai e Argentina
19h00 – “Rodando”, de Alejandro Acobino e Germán Rodríguez, Cia. Rodando Teatro, Buenos Aires, Argentina – aud. Simón Bolívar – sala 2
21h00 – “Los Padres Terribles”, de Jean Cocteua, direção Alberto Zimberg, Montevideo, Uruguai – aud. Simón Bolívar – sala 1
10 de março – quarta-feira – Peru e Brasil
19h00 “As viúvas”, de Arthur de Azevedo, Grupo Tapa, Brasil – aud. Simón Bolívar – sala 2
21h00 “La importancia del abrazo”, Cia. Komilfó Teatro, Lima, Peru – aud. Simón Bolívar – sala 1
11 de março, quinta-feira – México e Colômbia
18h00 “Tom Pain”, de Will Eno, Entre Piernas Produciones, Cidade do México, México, Praça da Sombra/Circo Tubinho
19h00 “Tu Ternura Molotov”, de Gustavo Ott, Cia. Fundacion Teatro Nacional, Bogotá, Colômbia – Auditório Simón Bolívar – sala 2
21h00 “A Tempestade e os Mistérios da Ilha”, de Shakespeare, Santa Estação Cia. de Teatro, Porto Alegre, Brasil – Auditório Simón Bolívar – sala 1
12 de março – sexta-feira – Cuba e Brasil
19h00 “Sonho de uma noite de verão”, de Shakespeare, Grupo Rotunda, Campinas, Brasil – Auditório Símón Bolívar – sala 2
21h00 “Final de Partida”, de Samuel Beckett, Cia. Argos Teatro, Havana, Cuba – Auditório Simón Bolívar – sala 1
13 de março – sábado – Espanha e Brasil
17h00 Dez anos sem Plínio Marcos – Homenagem – tarde de autógrafo do livro “Bendito Maldito-uma biografia de Plínio Marcos”, de Oswaldo Mendes.
18h00 “Balada de um Palhaço”, de Plínio Marques, Cia. Arte & Fatos, Goiás, Brasil – Praça da Sombra/Circo do Tubinho
19h00 “As Troianas Vozes da Guerra”, inspirada em Eurípedes, Cia. Núcleo Experimental, São Paulo, Brasil – Auditório Simón Bolívar
21h00 “Gris Mate”, Inãki Rikarte, Cia. Katu Beltz, Países Bascos, Espanha – Auditório Simón Bolívar
(1) (3)
(2) (2)
14 de março – domingo – encerramento – Portugal e Brasil
19h00 “Homem das Cavernas”, São Paulo, Brasil – Auditório Simón Bolívar
21h00 “Lost in Space”, |Inspirado em “Alto Mar”, de Slawomir Mrozek, Cia. Kind of Black Box, Lisboa, Portugal – Auditório Simón Bolívar
Mostra paralela: Clássicos do circo-teatro, às 18h
9 de março – terça-feira
“A canção de Bernadete” – Cia. Circo Teatro Tubinho – SP – Brasil
10 de março – quarta-feira
“O Ébrio” – Cia Circo Teatro Tubinho – SP – Brasil
12 de março – sexta
“Marcelino Pão e Vinho” – Cia Circo Teatro Tubinho – SP – Brasil
14 de março – domingo
“Tubinho Baita Macho” – Cia Circo Teatro Tubinho – SP – Brasil
Atividades paralelas:
Mesas de Debates
Mesa 1 : quinta-feira, 11 de março, às 16 h, Sala dos Espelhos
Tema: As escolas de teatro melhoram o nível dos atores da nova geração?
Debatedores: Lígia Cortez, atriz e diretora teatral
Zé Carlos Andrade, professor
Rodolfo Garcia Vasques, diretor teatral
Convidado internacional:
Pilar Nunes, presidente da Rede Latino Americana de Produtores Culturais Independentes, de Lima, Peru.
Mediador: Lucia Capuani, professora e diretora teatral
Mesa 2: sexta-feira, 12 de março, às 16h, Sala dos Espelhos
Tema: As tendências da nova dramaturgia
Debatedores:
Chico de Assis, mestre em dramaturgia
Ênio Gonçalves, ator, autor e diretor teatral
Samir Yazbek, dramaturgo
Convidado internacional:
Raul Sansica – diretor do Festival de Teatro de Córdoba – Argentina
Mediadora: Analy Alvarez, presidente da Apetesp e diretora teatral
Mesa 3: sábado, 13 de março, às 16h, Sala dos Espelhos
Tema: Viabilidade das produções alternativas
Debatedores:
Alexandre Mate, professor
Efren Colombani, produtor cultural
Atílio Bari, ator e diretor teatral
Convidado internacional:
José Leitão, diretor teatral e coordenador do Festival Fazer a Festa, Porto, Portugal
Mediadora: Elvira Gentil
Oficina de Dramaturgia com Chico de Assis:
Sábado, 13 de março, das 12h30 àsa 15h30
Informações e inscrições: 3823.4787 (festiberoteatro@gmail.com)
Sinopses e fichas técnicas das peças da mostra principal do III Festibero
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Serviço:
Fundação Memorial da América Latina/Auditório Simón Bolívar
Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 Barra Funda
Fone 11 3823.4600
ENTRADA FRANCA
Obs.: retirar ingresso na bilheteria do auditório a partir das 13h.