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Pesquisadora também é contra projeto de redução do desmatamento que será discutido em Copenhague
Do alto de sua intimidade de 30 anos estudando e indicando soluções para os problemas que afetam a Amazônia, a pesquisadora Bertha Becker só vê uma saída para a preservação da região, encampada pela Academia Brasileira de Ciências:
– Implementar políticas econômicas que criem redes de integração entre pesquisa e as cadeias produtivas, de forma a fortalecer as cidades e dar forças para que o Estado não fique subjugado ao poder do mercado.
Respeitada pesquisadora e professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ela reiterou o alerta na abertura do Seminário Internacional Amazônia: Desafios e Perspectivas da Integração Regional, organizado pela Fundação Memorial da América Latina e Academia Brasileira de Ciências, com apoio da Universidade de São Paulo (USP).
No auditório da Biblioteca Latino-Americana Victor Civita, a platéia de professores, estudantes e interessados no tema, Bertha Becker disse que a solução para a floresta amazônica não é o REDD (sigla para Redução Evitada de Desmatamento e Degradação), que será uma as principais discussões na Conferência do Clima, em Copenhague.
– O que nos interessa é criar mecanismos de defesa do coração da floresta que ajudem a desenvolver a região.
No contexto da proposta de revitalizar a economia da região, ela deu como exemplo a necessidade urgente de criar “uma indústria madeireira decente” na Amazônia. “Em muitos países a madeira das florestas é usada para produzir energia de segunda geração”.
Voltou, também a bater em outra velha tecla do corolário de desafios da Amazônia; recuperar as áreas degradadas, com um projeto de defesa estratégica do coração da floresta. E repetiu a sugestão:
– Com o extrativismo florestal, não o madeireiro, inserido em cadeiras produtivas, articuladas com as cidades, reequipadas tecnologicamente para processar e comercializar a produção vinda da floresta.
Aplaudida de pé, Bertha Becker encerrou a conferência inaugural da primeira mesa de debates, coordenado pela professora Maria Manuela Carneiro da Cunha, da Universidade de Chicago. O tema – Diversidade Sócio-Cultural e Integração Sul-Americana – foi dissecado por cinco palestrantes: Adalberto Veríssimo (Imazon), Adriana Ramos (Instituto Socioambiental), Elaine Elisabetsky (UFRGS), Margarita Benavides (Instituto del Bien Común/Peru) e Sérgio Leitão, do Greenpeace.
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Texto
Daniel Pereira
Fotos
Fabio Pagan