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Pode-se dizer que a Jazz Big Band – com sede em Santos, na Associação dos Artistas do Litoral Paulista – faz parte do legado deixado pelo maestro, arranjador e compositor Luiz Arruda Paes. A partir de encontros com músicos de todo o país, organizados informalmente em sua casa na Baixada Santista, surgiu a idéia de se formar uma orquestra que executasse os arranjos sofisticados do maestro.
Após a morte de Arruda Paes, em 1999, seus discípulos perceberam que guardavam um tesouro: os inigualáveis arranjos cultivados por Arruda Paes durante uma vida dedicada à música. Não deu outra, resgataram as partituras e puseram pé na estrada, primeiro como Martim Afonso Big Band e agora como Jazz Big Band. São 22 músicos entre sax, trompetes, trombones, baixo, bateria, piano, guitarra, tímpanos e vocalista, com a regência do maestro Mário Tirolli.
Seu repertório eclético passa pelos grandes musicais, Ray Conniff, Paralamas do Sucesso, Roling Stones, Dancings, Disco e mais sucessos atuais, como Jorge Vercillo, um dos expoentes da nova MPB.
Luiz Arruda Paes, uma vida dedicada à musica
Em 1949, iniciou a carreira artística atuando como pianista da orquestra da Rádio Tupi de São Paulo. Em seguida, passou a ser o pianista da Orquestra de Zezinho, que se apresentava na TV Tupi de São Paulo. Em 1952, ainda na TV Tupi, começou a atuar como maestro. No mesmo ano, passou a fazer arranjos para orquestra na mesma emissora. Em 1954, acompanhou com sua orquestra na Sinter o cantor Léo Romano na gravação da valsa "Falsa mulher" e do bolero "Meu amor".
No mesmo ano, acompanhou Vilma Bentivegna na gravaçãoda guaracha "Me "vo" a morir" e do samba canção "Chove". Em 1956, fez a trilha sonora para o filme "O sobrado", de Walter George Durst. No mesmo ano, gravou com sua orquestra a fantasia "O sobrado", de sua autoria e parte da trilha sonora do filme do mesmo nome. No outro lado desse disco, um 78 rpm, a cantora Heleninha Silveira interpretou a "Canção da esperança", de sua parceria com Ribeiro Filho.
Ainda no mesmo ano, gravou pela Odeon o seu primeiro LP, "Brasil – Dia e noite", considerado um acontecimento no fonográfico tanto sob o aspecto artístico como no comercial, sendo lançado também na Argentina, no México, nos Estados Unidos e no Japão. Também no mesmo período, gravou com sua orquestra o samba canção "Copacabana", de João de Barro e Alberto Ribeiro e o baião "Caruaru", de Belmiro Barrela. No ano seguinte, lançou o LP "Brasil de norte e sul", também pela Odeon.
Em 1958, recebeu o Disco de Ouro, prêmio oferecido pela gravadora Odeon. No mesmo ano, gravou com sua orquestra as fantasias "Ternura", "Edy Concerto" e "Sonho desfeito", de Salatiel Coelho e Vilma Camargo e "Romance de amor", adaptação de Marc Langean. Em 1959, lançou em 78 rpm "Nossa bandeira", de sua parceria com Guilherme de Almeida e "Paris Belfort", de Antônio Farigoul e Guilherme de Almeida. Ainda no mesmo ano, lançou com sua orquestra e coro o fox "Mulher", de Custódio Mesquita e Sadi Cabral, o fox canção "Nada além", de Custódio Mesquita e Mário Lago e o samba canção "Eu sei que vou te amar", de Antônio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes. Também no mesmo ano, lançou o LP "Piano romântico".
Em 1960, gravou o LP "Brasil moreno". Em 1961, gravou com sua orquestra e coro as músicas "I love Paris", de Cole Porter e "Calcutá", de Heino Gaze. No mesmo ano, lançou o LP "Itália eterna". Em 1962, acompanhou com sua orquestra e coro as gravações de Zezinho da TV no trompete nos fox "Noites de Moscou" e "Love letters", pela RCA Victor.
Em 1963, lançou o LP "Brasil é samba". Por essa época, passou a dirigir uma orquestra com 30 componentes da qual fazia parte também o conjunto vocal "Os Modernistas".
Em 1966, gravou o LP "Brasil, dia e noite, vol. 2", lançado nos Estados Unidos sob o título de "Dawn is approaching", com destaque para "A banda", "Sonho de um carnaval" e "olá olá", de Chico Buarque. Permaneceu na TV Tupi como maestro e arranjador até 1980. A partir desse ano, transferiu-se para Praia Grande (SP), atuando como autônomo. Participou, como arranjador e regente, da Jazz Sinfônica de São Paulo, de 1989 a 1992. Assinou arranjos para gravações de vários artistas. Foi orientador de diversos maestros entre os quais, Chiquinho de Moraes e José Briamonte. Foi premiado sete vezes com o troféu Roquette Pinto, da TV Record (SP).
Jorge Vercillo é um dos principais nomes da nova MPB
O cantor e compositor Jorge Vercillo lançou recentemente – inclusive com show no Memoiral – Trem da minha vida, CD e DVD com o registro ao vivo de duas noites de ingressos esgotados no Canecão, RJ (31 de outubro e 1º de novembro de 2008). O projeto é o resultado da bem sucedida turnê do álbum Todos nós somos um (2007, EMI Music).
Trem da minha vida vem consolidar a fase especial que Jorge Vercillo está vivendo em sua carreira. Desde 2007, quando o seu álbum Todos nós somos um obteve excelente repercussão de critica e público. Em 2008, Vercillo fez sua estréia em palcos argentinos, no Teatro Ópera, em Buenos Aires, em show que recebeu uma excelente crítica no jornal La Nación.
O repertório do CD é composto por 14 faixas, dentre elas a inédita "Trem da minha vida" (Jorge Vercillo), reggae-xote que batiza o projeto. As três faixas que abrem o álbum evidenciam o atual momento na carreira do cantor e compositor, que vem explorando em sua criação canções com arranjos mais sofisticados e levadas jazísticas.
Logo no início do show, Jorge Vercillo revelou um pouco da sua trajetória artística, interpretando o samba autobiográfico "Tudo que eu tenho", que também faz uma homenagem a mestres da música, como Chico Buarque, Milton Nascimento, Caetano Veloso, entre outros. O cantor ainda interpretou uma versão do standard jazz "Tenderly" (Walter Lloyd Gross/ Jack Lawrence), seguida de "Devaneio" (Jorge Vercillo), que tem o flugelhorn de Fabinho Costa e que compôs a trilha sonora da novela "Negócio da China".
Serviço:
Jazz Big Band – Participação especial: Jorge Vercillo
9 de outubro, sexta, 21h
Auditório Simón Bolívar. Ingressos: R$ 30,00 e meia entrada. Bilheteria: dia 08 das 14 às 19h – dia 09 após as 14h.
fotos de Fábio Pagan