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A Fundação Memorial da América Latina apresenta a exposição “Os espaços- tempos do Brasil”, como parte dos eventos do Ano da França no Brasil 2009. Exibida em Brasília, Manaus, Rio de Janeiro e Salvador, ela é o resultado de trabalhos produzidos ao longo de vários anos de cooperação entre a França e o Brasil. A mostra “Os espaços- tempos do Brasil” é baseada essencialmente em conceitos, conhecimentos e expertise de geógrafos e especialistas em ciência política e relações internacionais. No Memorial, foi montada do lado de fora do Pavilhão da Criatividade, embaixo da marquise, quase ao ar livre. Está portanto na passagem de quem vai no Auditório Simón Bolívar ou ao próprio Pavilhão. Lugar estratégico, de grande visibilidade.
Seus 26 painéis mostram uma seleção de documentos inéditos ou raramente apresentados, todos atualizados com os últimos dados disponíveis. Eles se organizam em 4 temas: A globalização e o Brasil; Dinâmicas territoriais; Futuro da Amazônia; França – Brasil: 150 anos de cooperação – mostrados em imagens, mapas e diagramas baseados nas contribuições da escola francesa de semiologia gráfica.
Os responsáveis por essa exposição são Caroline Jeanne Delelis (Embaixada da França, CDS, UnB), Guillaume Marchand e Stéphanie Nasuti (geógrafos, CREDAL, Universidade Paris 3) e Priscila Tanaami. Pelo lado francês, responde as seguintes instituições: Comissariado Geral Francês para o Ano da França no Brasil, Ministério das Relações Externas e Européias, Ministério da Cultura e da Comunicação e Culturesfrance. No Brasil, os organizadores são do Comissariado Geral Brasileiro para o Ano da França no Brasil, pelo Ministério da Cultura e pelo Ministério das Relações Exteriores.
Vale destacar o primeiro tema – “A globalização e o Brasil”, que vai desde as “globalizações passadas” (ciclo do açúcar, que vem do séc. XVI até hoje), ciclo do ouro, ciclo do café etc. Um painel traz a geografia comercial brasileira, com um ranking das nossas multinacionais. Também é destacado o eixo das relações exteriores do Brasil, que adota a solidariedade sul-sul o multilateralismoI, o princípio da independência nacional, a defesa dos direitos humanos e a não intervenção. Outro segmento interessante da exposição é o que aborda o “mosaico pan-amazônico”, da “mestiçagem ao multiculturalismo”.
O painel 8 denominado “Alterglobalismo e contestação política” tem o seguinte texto: “A primeira edição do Fórum Social Mundial (FSM), em 2001, é o ponto de chegada de uma dinâmica contestatória que possui quase duas décadas. Após a “Batalha de Seattle”, como ficou conhecida a manifestação popular ocorrida em novembro de 1999 em protesto à reunião ministerial da Organização Mundial de Comércio (OMC), a importância do FSM também se expressou pela união entre sindicatos de diversos países (como a poderosa AFL-CIO norte-americana e a CUT brasileira) com ativistas de ONGs (ABONG, OXFAM) e movimentos sociais diversos (MST, Via Campesina), conferindo ao Fórum status de manifestação de massa e fazendo valer uma força que adquire relevo sobretudo com a realização de suas diferentes edições mundo afora.
O sucesso do FSM em Porto Alegre abriu as portas para um novo modelo de contestação alterglobalista e organização em rede de movimentos sociais. Os processos do FSM tornaram-se o espaço próprio onde os movimentos alterglobalistas expressam suas visões, intercambiam projetos e programam estratégias na construção de outras globalizações. O FSM pode ser considerado como um espaço cultural e político em que movimentos sociais transnacionais e redes de ativismo político definem alternativas (econômicas, culturais, comerciais) à globalização hegemônica. Trata-se de uma plataforma de debate aberto e horizontal, atravessada por relações de poder, mas na qual a idéia de pedagogia política é parte integrante da construção da identidade plural e complexa dos sujeitos contemporâneos da ação coletiva. Tais sujeitos convergem em torno de solidariedade transnacionais que se somam e, por vezes, desafiam o sentido clássico da soberania e da cidadania nacionais.
Essa mostra serviu de base para o colóquio realizado no dia 24 de setembro, no próprio Memorial, sob o título “ Dinâmicas do território, do global ao local”. Na ocasião, participaram pesquisadores brasileiros e franceses, entre eles:
Béatrice Giblin, diretora do Instituto francês de Geopolítica, que falou sobre “Do espaço aos territórios: os desafios geopolíticos da globalização”; Hervé Théry (Diretor de pesquisa no CNRS, professor convidado na USP), cujo tema da palestra foi “Dinâmicas do território brasileiro na globalização”, Neli de Mello e Wagner Ribeiro (professores da USP), que abordaram “O Brasil no âmbito das convenções da ONU e internacionais”; Weber Amaral (pólo nacional e biocombustíveis, Esalq Piracicaba), “A questão dos biocombustíveis”; Wanderley Messias de Costa (professor e coordenador da comunicação social da USP), “Aspectos humanos e sociais da mudança climática na Amazônia”; Marie- Françoise Durand, Instituto de Estudos Político, Paris, “Atlas da globalização, fluxos, redes, dificuldades de representações “; Ricardo Torres (CEBRAP, Tomas Wissenbach SEMPLA), “Dinâmicas intra-urbanas e terciário globalizado em São Paulo”; Laurent Vidal (Professor na Universidade da Rochelle), “Porto Velho: da company town à cidade dos funcionários”; e, finalmente, Martine Droulers (Diretora de pesquisa no CNRS), “A ferrovia de
Carajás e a questão do desenvolvimento sustentável”.
A exposição “Os espaços- tempos do Brasil” permanece em cartaz no Memorial da América Latina até o dia 1º de novembro. Ela pode ser vista na marquise do Pavilhão da Criatividade. Entrada franca.