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São Paulo, 9 de julho de 2009.
Veja como foi a abertura do Festival
Colombiano expõe na parede entre as Salas de cinema 1 e 2 do Memorial
Vicent Cassel, ator francês apaixonado pelo Brasil, foi o escolhido por Heitor Dhalia para protagonizar o seu novo longa, À Deriva, que ainda não entrou em circuito comercial no país. Camilo Matiz, por sua vez, diretor do filme colombiano ‘1989’, optou pelo americano Vicent Gallo para dar força à narrativa que tem como pano de fundo o ano de maior violência em seu país, detalhe: o filme todo é falado em inglês.
Em comum, ambos os trabalhos foram selecionados para o Festival de Cannes e são exemplos que retratam bem o tema da mesa que abriu o Ciclo de Debates do 4° Festival Latino-Americano de Cinema de São Paulo, ontem, dia 8 de julho, no Anexo dos Congressistas do Memorial. Trata-se do cinema produzido no continente aliado ao forte movimento de internacionalização. A mesa, sob mediação do crítico da Revista de Cinema, Hermes Leal, contou com a presença da produtora Zita Carvalhosa, alem dos já citados Heitor Dhalia e Camilo Matiz.
Segundo Hermes Leal, o aumento da participação de filmes latino-americanos em grandes festivais internacionais, como Cannes, Sundance e Berlin, atraiu os olhos do grande mercado cinematográfico para a região, favorecendo as coproduções e a troca de talento.
A produtora Zita Carvalhosa, de filmes como “A Casa de Alice” e “Marvada Carne”, lembra que o sucesso dos longas lá fora está intimamente aliado à qualidade dos trabalhos: “O cinema deve ter características particulares para atingir o universal e assim alcançar todos os públicos”. Carvalhosa é antes de tudo uma otimista, acredita no potencial de crescimento que tem a América Latina e aposta nos trabalhos autorais: “sou contra os modelos prontos de como fazer cinema, o que funciona bem para um filme geralmente dá errado para outros”. Para ela o problema da distribuição dos filmes poderia ser resolvido com a exibição dos trabalhos na televisão. “O que falta para cinema nacional é passar na Globo e ganhar glamour”. “Os festivais de cinema são as melhores vitrines”.
Para Heitor Dhalia, que atualmente trabalha com a produtora O2, de Fernando Meirelles, o reconhecimento da crítica internacional é resultado de uma equação bem complicada, que leva em conta os recursos técnicos, a qualidade da narrativa e o aspecto particular.
Camilo Matiz acrescenta que o cinema tem como desafio buscar a complexidade das relações humanas, e não simplesmente “contar histórias”. Seu filme ‘1989’ faz parte da programação do Festival e será exibido hoje, dia 9, às 20h, no MIS; e amanhã, dia 10, às 20h, na Cinemateca.
O Ciclo de Debates segue com a mesa que acontece logo mais, às 20h, e traz uma discussão acerca dos trabalhos do crítico Alex Viany, um dos homenageados desta quarta edição do Festival. A entrada é franca.
Por Gabriela Mainardi
Fotos por Fábio Pagan