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A segunda mesa de debates do 4º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo, no dia 9 de julho de 2009, às 20h, foi sobre Alex Viany, cineasta e crítico de cinema carioca (1918-1992), um dos responsáveis pela formação da cultura cinematográfica no Brasil.
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Os palestrantes Arthur Autran, professor da Unifesp – campus São Carlos, Bettina Vianny e Edward Monteiro, ambos do Acervo Alex Viany, Brasil, e Beth Formaggini, co-diretora do documentário “Somos um Poema”, sobre a trilha sonora do filme “Sol Sobre a Lama” (1963), de Alex Viany, traçaram para o público presente um pouco da vida do cineasta.
Autran, que escreveu o livro “Alex Viany – Crítico e Historiador”, foi o primeiro a falar, introduzindo a figura de Alex Viany para as novas gerações. Segundo o professor, ele fazia parte da segunda geração de espectadores de cinema no Brasil. “Viany pertenceu a uma geração de intelectuais do cinema que, nas décadas de 40 e 50, construíram a cultura cinematográfica no país. Eles faziam críticas de filmes e criaram cineclubes e cinematecas pelo Brasil”, disse.
Ainda nos anos 30, Viany estreou como cronista cinematográfico na imprensa carioca. Tempos depois, foi escolhido pela revista “O Cruzeiro”, a mais importante da época, para ser o seu correspondente em Hollywood. Alex Viany, que até então era tão fã de cinema norte-americano a ponto de ter mudado o seu nome (de Almiro para Alex, para soar como os americanos), ficou mais crítico em relação à sociedade e aos filmes dos Estados Unidos. Foi aí que deu uma guinada em sua vida e começou a interessar-se por filme europeus – notadamente o neo-realismo italiano – e brasileiros, algo praticamente inédito na época.
Em Los Angeles, conviveu com muitos amigos que ajudaram a formar o novo Alex Viany, como Vinícius de Moraes, que além de diplomata, músico e poeta era crítico de cinema (e com quem fundou mais tarde a revista “Filme”) e intelectuais comunistas. Nos anos 50, de volta ao Brasil, Viany se liga ao Partido Comunista Brasileiro e começa a realizar filmes. O seu primeiro longa, “Agulha no Palheiro”, data de 1952.
Viany começou a se interessar pela história do cinema brasileiro, virou um pesquisador. Em 1959, lançou o livro “Introdução ao Cinema Brasileiro”, que influenciou toda a geração do Cinema Novo, cineastas como Glauber Rocha, Joaquim Pedro de Andrade, Leon Hirszman e Carlos Diegues. Este livro foi fundamental para eles, que, nesta época, ainda não haviam realizado seus filmes. Viany apoiou o movimento do Cinema Novo, que foi muito combatido na época, ajudando a divulgá-lo na imprensa e nos cineclubes.
Veio o golpe militar de 1964, o qual Viany combateu desde o início, mas continuou a sua atividade de crítico e, principalmente de historiador do cinema brasileiro. Ele se afasta um pouco do Cinema Novo e passa a se interessar pelos pioneiros da arte cinematográfica no país como Humberto Mauro, Afonso Segreto e Vito Di Maio. E escreve o ensaio “Cinema no Brasil: o velho e o Novo”. Nos anos 80, por problemas de saúde, afasta-se um pouco de suas atividades e doa seu acervo para a Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Morre em 1992, aos 74 anos.
Bettina Viany, que é atriz e filha de Alex, falou em seguida de seus esforços para organizar e classificar todo o material deixado pelo pai. Este material, que está na Cinemateca do MAM-RJ, é constituído de milhares de páginas, recortes, cartazes, fotos, ensaios, cartas etc.
O material, de alto valor histórico, porém estava desorganizado e mal arquivado, de modo que era muito difícil fazer qualquer tipo de pesquisa, localizar algum documento. O dinheiro para realizar a catalogação e disponibilização do acervo só veio em 2006. Em janeiro deste ano, foi lançado o site do Projeto Alex Viany (www.alexviany.com.br), que disponibiliza gratuitamente para pessoas em todo o mundo pesquisar no acervo do cineasta e historiador do cinema. Os arquivos pessoais foram digitalizados e o internauta pode ver os originais.
A cineasta Beth Formaggini fechou a mesa de debates mostrando o seu filme “Somos um Poema”, um curta-metragem em que regrava a trilha sonora do filme “Sol Sobre a Lama’, de Alex Viany, cuja trilha foi composta por dois amigos do cineasta: Vinícius de Moraes e Pixinguinha.
Por Paloma Varon
Fotos Fábio Pagan
Foto 1: A cineasta Formaggini (3a da dir. para esq.)
Foto 2: O professor Arthur Autran
Foto 3: Edward Monteiro e Bettina Viany