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São Paulo, 5 de novembro de 2008.
Para fechar as comemorações dos cem anos de imigração japonesa no Brasil, o Memorial da América Latina inaugurou, no dia 4 de dezembro de 2008, a exposição “Entre Oceanos – 100 anos de aproximação entre Japão e Brasil”. A mostra, que fica em cartaz na Galeria Marta Traba até dia 25 de janeiro, reúne os trabalhos de 28 artistas – entre brasileiros, japoneses e nisseis – todos frutos do intercâmbio cultural entre os dois países.
Na abertura, um bate-papo entre os artistas e organizadores, antes da vernissage, animou o evento e possibilitou uma boa troca de experiências. Os artistas puderam relatar suas impressões e aprendizados adquiridos na vivência além mar, bem como conceitualizar seus trabalhos.
O japonês Nobuo Mitsunashi – artista de renome, presidente da Japan Brasil Art Center e um dos organizadores do projeto – aproveitou a ocasião para agradecer aos artistas brasileiros que se propuseram a passar uma temporada no Japão e participar da exposição em Kawasaki. Nobuo preparou para o Memorial uma instalação feita de barro e cerâmica: “gosto de usar material orgânico, que depois pode ser devolvido ao meio-ambiente. A terra tem uma relação muito forte com a lavoura, é elemento de transformação”, conta. O artista que chegou em São Paulo na sexta-feira, terminou seu painel algumas horas antes da inauguração. Trata-se de um trabalho vivo, em constante transformação: Nobuo misturou ao barro sementes que irão germinar durante o período de exposição.
A artista Mari Kanzaki trouxe para a Galeria o outono de seu país. Ela decorou sua parede com folhas de plátano – árvore típica de regiões temperadas pouco comum em países tropicais. “No Japão, essas folhas são valorizadas e admiradas, elas ficam bem vermelhas no outono e caem. Não sabia que era tão incomum no resto do mundo”, relata. Feitas em cerâmica e pintadas delicadamente com cores cintilantes, as peças de Mari reproduzem a magia da estação nipônica.
Uma brincadeira com vidros e espelhos foi a proposta do japonês Nobuhiko Suziki: “para mim, o espelho representa a água, que reflete outras coisas, a nossa própria imagem. Estou procurando coisas que existem dentro dessas águas”, disse.
O cientista social Miguel Chaia acrescentou à exposição seu trabalho de pesquisa sobre a artista japonesa radicada no Brasil, Tomie Othake. “Através da linha cronológica que reúne as obras de Tomie desde sua vinda ao país, em 1936, podemos observar seu amadurecimento artístico, além do diálogo que foi estabelecendo entre a pintura, gravura e posteriormente a escultura”, observa Chaia.
Sidney Philocreon, articulador da exposição, lembrou que a mostra do Memorial, apesar de apresentar obras diferentes daquela realizada em Kawasaki, tem os mesmos princípios: estabelecer uma ponte entre Brasil e Japão através da troca de experiências culturais e artísticas. Ponte esta que foi inaugurada há cem anos com a chegada do navio Kasato Maru no porto de Santos e se mantém viva até hoje.
A Exposição Entre Oceanos fica aberta a visitação na Galeria Marta Traba até dia 25 de janeiro, de terça a domingo, das 9h às 18h, com entrada franca.
Entre Oceanos – 100 anos de aproximação entre Japão e Brasil
De 5 de dezembro a 25 de janeiro de 2009
De terça a domingo, das 9h às 18h
Entrada Franca
Memorial da América Latina – Galeria Marta Traba
Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 – Barra Funda
Tel. 3823-4600
Por Gabriela Mainardi
Fotos: Fábio Pagan