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Foi uma noite dedicada à celebração do cinema latino-americano. O 2º Festival de Cinema Latino Americano foi aberto com direito a discursos, projeção de filme argentino e festa. A sala 1 do auditório Simón Bolívar estava lotada. Na platéia, cineastas latino-americanos, como o mexicano Paul Leduc, a paraguaia Gália Gimenez e o uruguaio Sebastián Bednarik. Entre as autoridades, o diretor do Festival de Guadalajara, do México, Jorge Sanchez, o Secretário de Ensino Superior José Aristodemo Pinotti, o cônsul geral do México, Salvador Ariola, o diretor da Cinemateca Brasileira Carlos Magalhães e André Sturm, coordenador da Unidade de Fomento e Divisão de Produção Cultural da Secretaria de Estado da Cultura.
O filme argentino “As Leis de Família” abriu o festival. “Nunca imaginei que meu filme seria projetado em uma obra de arte. Essa sessão em um monumento criado por Oscar Niemeyer é uma honra para mim”, declarou Daniel Burman, autor de filme sensível sobre um jovem advogado que parece derrapar em um vazio existencial familiar. Detalhe: no filme o diretor argentino dirige seu filho de menos de 3 anos de idade. “Leis de Família” entra em circuito comercial em São Paulo no mês que vem..
“Está nos nossos planos criar um espaço permanente para exibição do bom cinema latino-americano, com duas salas de projeções”, avisou Fernando Leça, presidente do Memorial, no discurso de abertura do Festival (leia a íntegra). À boa notícia seguiu-se o discurso político do cineasta brasileiro João Batista de Andrade, curador do Festival, que denunciou a ocupação do nosso mercado cinematográfico pela “indústria hollywoodiana”. “Um festival como esse é um lugar de prazer, conhecimento e informação, mas também é um ato político”, advertiu Andrade. Para o autor de “O homem que virou suco”, o que une os cinemas latino-americanos é justamente o fato deles não encontrarem espaço para sua exibição, já que “um filme brasileiro tem que disputar 10% do mercado dos países latino-americanos, ou seja, a gente compete com a gente mesmo”. O restante 90% fica com os norte-americanos.
Foi para problematizar essa condição do cinema latino-americano e focar certo paradoxo contemporâneo que João Batista de Andrade escolheu a produção cinematográfica mexicana como centro do 2º Festival de Cinema Latino Americano de São Paulo. Por um lado, o cinema mexicano ganhou evidência quando disputou, este ano, o Oscar com dois filmes, “Babel”, de Alejandro Gonzáles-Iñarritu, e “O Labirinto do Fauno”, Guillermo Del Toro. Mesmo assim, filmes mexicanos foram exibidos em apenas 6% do mercado interno de seu país. No Brasil, 11%, e na Argentina, 11,2%.
O grande homenageado, o cineasta mexicano Paul Leduc, autor de “Frida Natureza Viva” e “Reed México Insurgente”, ambos em exibição na mostra, saudou a 2ª edição deste Festival em São Paulo. “Espero que seja mais um espaço de exibição, encontro e reflexão do cinema latino-americano. Que o Festival consolide e cresça ainda mais,” desejou.
Após a exibição do filme “As Leis de Família”, foi servido um coquetel no foyer do auditório Simón Bolívar ao som de hits dançantes latino-americanos. O pessoal da produção aproveitou para comemorar o sucesso da abertura do Festival. Entre eles, Paul Leduc, que ficou ate o início da madrugada. O cineasta mexicano tem hoje exibido seu filme “Reed, México Insurgente”, às 21h, na sala 2 do Memorial.
Leia a página de apresentação do Festival.`
Leia a íntegra do discurso de Fernando Leça, presidente do Memorial, na abertura do festival