/governosp
Enquanto a curadora geral da 27ª Bienal de São Paulo Lisette Lagnado percorria os andares e explicava a um punhado de jornalistas as implicações de cada trabalho exposto, dois argentinos pareciam atônitos com o que viam. O frenesi de montadores que davam ordens apressadas aos operários, o barulho de marteladas para montar andaimes de última hora, os artistas que caprichavam nas últimas pinceladas em seus trabalhos, os monitores de vídeo ligados que exibiam imagens sem contextualização – tudo isso no dia 4 de outubro, a apenas três dias da abertura para o público da Bienal! – davam a impressão para os neófitos que a mega-exposição não ficaria pronta nem daqui um mês.
Participaram do encontro com a imprensa os seguintes curadores, a partir da esquerda:
Jochen Volz, Adriano Pedrosa, Cristina Freire, José Roca, Lisette Lagnado, Pires, Denise Grispum e Marta Bogéa.
Os novatos argentinos citados acima são Luis Castelli, morador da Terra do Fogo, e o portenho Guillermo Ferreyro. O primeiro é assessor especial da prefeitura de Ushuaia; o segundo, um publicitário bem sucedido da cosmopolita Buenos Aires. Os dois enfrentam o desafio de organizar uma bienal de artes na cidade mais ao sul do planeta. Ao lado de Alberto Grottesi, Ferreyro é o diretor geral da Bienal do Fim do Mundo, enquanto Castelli responde pela direção executiva, em conjunto com Fabián Rodríguez e a brasileira Ana Helena Curti.
Luis, Leonor e Guillermo no térreo do Pavilhão da Bienal: será que vai dar tempo?
Leonor Amarante explica duas ou três coisas sobre bienais para Luis e
Guillermo ao lado da fileira de fotos do grego cipriota Nikos
Charalambidis.
Neste dia, durante a visita à Bienal de São Paulo em seus últimos dias de montagem, os diretores ficaram assustados com a aparente confusão, já pensando no que vão ter pela frente: a “bienal deles” começa em 15 de março do ano que vem. “Fiquem tranqüilos, meninos” , disse em tom professoral Leonor Amarante, curadora geral da Bienal do Fim do Mundo, que os acompanhava. “É sempre assim, parece que não vai dar tempo, muito coisa fica para a última hora, mas como que num passe de mágica tudo acaba dando certo”. Amarante sabe o que diz, pois, além de ser autora de um alentado livro sobre as bienais de São Paulo, foi curadora adjunta de duas edições da Bienal do Mercosul.
Um homem nos olha de soslaio, depois de Lisette Lagnado descobrir a obra
de Tadej Pojacar.
A curadora e crítica de arte Leonor Amarante é a editora executiva do Departamento de Publicações do Centro Brasileiro de Estudos da América Latina (CBEAL), da Fundação Memorial da América Latina.
A gigantesca bolha do argentino Jorge Sarrceno une os três andares do
Pavilhão da Bienal. Vai ser possível o visitante “escala-la” por dentro.
O Memorial é uma espécie de padrinho da Bienal do Fim do Mundo, organizada por nossa parceira Fundación Patagonia Arte y Desafio. Neste 5 de outubro chegam a São Paulo Alberto Grottesi e Corinne Sacca Abadi (curadora dos artistas argentinos) para, juntamente com o presidente do Memorial, Fernando Leça, participar da abertura oficial da 27ª Bienal de São Paulo, na sexta-feira, 6 de outubro.
Pão para o mundo.
Na sala ainda em montagem, trabalho reflete o recente enfrentamento entre
Israel e o Hesbollah.
fotos: Eduardo Rascov