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Áudio da Palestra:
Quem conhece um lugar desértico, proximo ao litoral do Oceano Pacífico, repleto de ruínas do que foi um dia um complexo de templos? Um lugar de adoração dos antigos povos dominados pelo Inca, envolto em mistérios e sobre o qual a arqueologia ainda tem muito que descobrir? Região pouco conhecida no Brasil, o deserto de Pachacamac está sendo apresentado aos paulistas por meio da sensibilidade de um artista que recria, paradoxalmente por meio de obras abstratas, paisagens e conteúdos históricos e culturais do litoral peruano.
A exposição “Pachacamac”, do pintor peruano Ricardo Wiesse, foi aberta para convidados na noite de quarta-feira, 16 de agosto. Além do artista, mulher e filho de 4 anos, estiveram presentes o cônsul-geral do Peru em São Paulo Eloy Alfaro, membros da comunidade peruana residente na cidade, estudantes de arte e convidados em geral. Wiesse se surpreendeu ao encontrar no Memorial roupas e objetos de arte popular de Peru. “Estivemos visitando o Pavilhão da Criatividade. Lá tem peças de artesanato indígena de alta qualidade que guardam relação com sua origem distante, pré-colombiana. Posso dizer que o meu trabalho de alguma forma também guarda essa relação”.
Na Galeria Marta Traba o público pôde se deixar levar pelas pinceladas em tons terrosos do artista. Ele compõe quadros aparentemente hiper-realistas, que “retratam” ruínas de civilizações milenares que habitaram uma região desértica próxima ao litoral peruano. Segundo o crítico Peter Elmore, “os quadros figurativos que exploram as ruínas do centro cerimonial mais importante dos Andes pré-colombianos não se esgotam na ilusão da semelhança, na mimese virtuosa” pois “a percepção do pintor está atenta tanto à geometria impecável dos arquitetos indígenas como ao contraponto das sombras e luminosidades que a trajetória do sol compõe. Assim, o tempo torna-se a outra dimensão que se reconhece no espaço da pintura”.
Acostumado a pintar “in situ” no Santuário de Pachacamac, Wiesse usou apenas a memória para desenhar nas paredes da Galeria Marta Traba, durante esta semana, desenhos em carvão da localidade. “É um lugar muito encantador, mas pouco explorado”, conta. Seus desenhos, feitos apenas com carvão, ocupam paredes inteiras, e surpreendem pela qualidade e rapidez com que foram feitos.
Na quinta-feira, 17 de agosto, às 17h, no próprio ambiente da exposição, o pintor estará recebendo os interessados em conhecer mais da sua obra, sua técnica e sobre a região de Pachacamac. A exposição vai até 17 de setembro.
Fotos: Eduardo Rascov e Fernanda Yamamoto