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Fernando Henrique Cardoso encerrou os debates em torno do tema “Movimentos Sociais, Partidarismo e Governabilidade na América Latina”, proposto pelo ex-presidente colombiano Ernesto Samper aos participantes do IV Encontro do Grupo de Biarritz. As discussões produziram um documento que irá informar os participantes do “Foro de Biarritz”, no segundo semestre, em Biarritz, França.
Nos dias 1 e 2 de junho, o colóquio reuniu ex-mandatários máximos de diversos países da América Latina e de Portugal (Mário Soares), bem como personalidades da política e da universidade da França, da Penísula Ibérica e do nosso continente, no Auditório Simón Bolívar, deste Memorial. A abertura contou com a participação do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. O senador Eduardo Suplicy também esteve presente, no final do evento.
Participam Carlos Mesa Gisbert e Jaime Paz Zamora, ex-presidentes da Bolívia, Cuauthémoc Cárdenas, ex-governador de México, D.F., Eduardo Duhalde, ex-presidente da Argentina, Ernesto Pérez Balladares, ex-presidente do Panamá, José Ignácio Salafranca, deputado espanhol do Parlamento Europeu, Rodrigo Carazo, ex-presidente da Costa Rica, Rodrigo Borja, ex-presidente do Equador, entre outras autoridades.
Essa reunião foi preparatória para o “Foro de Biarritz”, que acontece em outubro na cidade francesa do mesmo nome. O Grupo de Biarritz surgiu em 2000 nessa cidade por iniciativa de dirigentes dos dois continentes. Com o nome Encontro Europa-América Latina, nasceu com o objetivo de pensar e apontar caminhos para os desafios à governabilidade na América Latina.
FHC comentou a necessidade não só de se repensar as questões tradicionais relacionados à democracia, por exemplo a relação centro/periferia, como principalmente a urgência em modernizar as instituições democráticas “com elas funcionando, sem ruptura”. Quanto a determinar o que deve ser mudado, o sociólogo afirma que o limite são os valores democráticos universais. “Esses não podem ser mudados, se não quisermos cair no totalitarismo”.
Um pouco antes o professor Alain Touraine havia alertado dos riscos corridos por – pensando no enigma da Bolívia atual – quem abandona o universalismo da modernidade: ele pode acabar se encerrando em sua especificidade e ser levado a se apartaro de todo o resto.
Ernesto Samper, ex-presidente da Colômbia e presidente do Grupo de Biarritz, destacou a importância que os movimentos sociais têm adquirido na dinâmica das democracias do continente. A antropóloga Ruth Cardoso abordou as novas tecnologias de comunicação – computador, telefone celular, internet etc – como fenômeno capaz de gerar novos movimentos sociais, que ainda precisam ser conhecidos e estudados.
Os franceses Alain Touraine, sociólogo, e Michel Veunac, Secretário de Turismo, Comunicação e Promoção da Prefeitura, bem como Mário Soares, ex-presidente português, falaram sobre as dificuldades de se conciliar as instituições democráticas e as amplas demandas sociais em países como os da América Latina. Do ponto de vista europeu, eles apontaram as vantagens na incorporação de camadas excluídas da população ao processo político, como no caso recente da Bolívia.
IV ENCONTRO DO GRUPO DE BIARRITZ
Local: Auditório Simón Bolívar
Fundação Memorial da América Latina
Fotos: Eduardo Rascov