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A Fundação Memorial da América Latina lançou a 1a. Trienal Internacional de Gravura de São Paulo em encontro no último sábado, 27 de maio de 2006, no ambiente da mostra “Mario Gruber e a Metafísica dos Planos”, na Galeria Marta Traba. Prevista para acontecer em 2007, a trienal conta com o apoio do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e tem por objetivo divulgar a produção da gravura e suas vertentes, até a apropriação dos meios digitais. Antes disso, no segundo semestre, o Memorial organizará um simpósio para que os próprios gravadores discutam o formato que a Trienal terá.
Sob a presidência de Fernando Leça, presidente do Memorial, e com a coordenação de Saulo di Tarso, a mesa de debatedores contou com a presença dos artistas Mario Gruber, Ernesto Bonato, Ângela Barbour, Ulysses Bôscolo e Fabrício Lopes. O evento foi um desdobramento da retrospectiva da obra de Mario Gruber, um dos mestres da gravura no Brasil, em cartaz no Memorial até 4 de junho de 2006.
Fernando Leça manifestou o apoio à iniciativa, que, “além de ser uma reverência a Mario Gruber, é uma homenagem a nossos grandes gravadores, como Oswaldo Goeldi, Fayga Ostrower, Ivald Granato, Lívio Abramo, Tomie Ohtake, Aldemir Martins, Maria Bonomi, Evandro Carlos Jardim, Marcello Grassmann, entre tantos outros”. Essa iniciativa embrionária nasce com o conceito que Leça está aplicando a todas as áreas do Memorial: “Temos que superar nossos limites por meio de rede e parcerias com outros agentes culturais”.
Conscientes de que podem estar fazendo história, ao propor discretamente um evento que, se tudo der certo, entrará para o calendário do circuito internacional de gravadores, os participantes fizeram questão de ressaltar que aquela era uma “mesa pública”, aberta à participação de todos. Entre as pessoas presentes que logo se habilitaram a apoiar a iniciativa, estavam os gravadores Daniela Lorenzi (italiana, do Ateliê Quatordici, Milão), Francisco Maringuelli, Laurita Salles e o galerista Eduardo Besen, dono da Galeria Gravura Brasileira.
Uma das inovações da mostra “Mario Gruber e a Metafísica dos Planos” é uma parede interativa, aberta a obras de qualquer gravador. Desde a sua inauguração, diversos artistas fixaram sua obra ali. Essa é uma maneira concebida pelos idealizadores da Trienal de Gravura para obter a adesão dos gravadores. Na foto acima, a artista plástica Helena Freddi (à direita) fixa sua gravura, com a ajuda de Ângela Barbour.
Segundo Saulo di Tarso, um dos idealizadores, em 2000, da Bienal Nacional de Gravura, no município de Santo André, SP, espera que a semente que eles estavam lançando naquele momento no Memorial germinasse e que a árvore que dali surgisse desse frutos não só no Brasil, mas em toda a América Latina. “Assim como as primeiras notações musicais foram feitas em gravuras, espero que a Trienal se abra para todas as grafias contemporâneas e complete o ciclo, do corte de metal ao pixel”, completou.
Aos 79 anos, Mário Gruber destacou o caráter democrático da Trienal. “Como era no meu tempo, sei que até hoje o artista iniciante enfrenta grande dificuldades para mostrar seu trabalho e se estabelecer como artista. Eu, por exemplo, nunca consegui participar de uma bienal de gravura.” Isso porque ” o gravador não se articula em cooperativa, grupos, ou algo assim. Gravar é uma atividade isolada. Ficamos recolhidos, fazendo nosso trabalho artesanal.”
A Trienal vem então cumprir esse papel. Oferecer espaço para os artistas mostrarem seu trabalho. Esse, aliás, foi o tema abordado pelo gravador Ulysses Bôscolo: “Destaco a importância da parede interativa. Gostei muito de participar das oficinas de gravura, oferecidas pela Metafísica dos Planos. Foi emocionante ver pessoas gravando pela primeira vez na vida e já tendo a oportunidade de exibir sua produção ao lado de um artista do nível de Mario Gruber.”
Por fim, Fabrício Lopes apontou dois temas para reflexão: o primeiro é qual deve ser a vocação dessa Trienal. Segundo ele, é integrar os artistas e suas produções. O segundo é o que deve ser feito para integrar de forma contundente à Trienal seu entorno e a cidade como um todo. Estão lançadas as questões. A participação está aberta a todos.
Contatos com os organizadores da Trienal:
Galeria Marta Traba – fone 3823.4708 e 4705
angelabarbour@memorial.sp.gov.br
Saiba mais sobre a palestra de Mário Gruber
Fotos: Eduardo Rascov