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Ouça o áudio dos discursos:
O Memorial fez história na manhã desta quinta-feira, 11 de maio de 2006. Em cerimônia concorrida – da qual participaram o governador Cláudio Lembo, autoridades, dirigentes culturais, artistas e acadêmicos, entre outras personalidades – o conjunto arquitetônico foi entregue à população de São Paulo totalmente recuperado. Na ocasião também foi instalada a Cátedra Memorial da América Latina, por meio da assinatura de convênio entre as três universidades públicas paulistas (USP, Unicamp e Unesp) e a Fundação Memorial. Outra boa notícia foi o anúncio do I Festival Latino-americano de Cinema de São Paulo, em parceria com a Secretaria Estadual de Cultura. Por último, foram assinados protocolos de intenções e parcerias com outras instituições culturais.
Em seu discurso, o governador saudou a nova fase do Memorial que, segundo ele, “contribuirá para aumentar a auto-estima dos paulistanos e de todos os brasileiros, que estava em baixa”. Lembo reafirmou que iniciativas como essa é que fazem com que ele “acredite mais no Brasil e na América Latina, lugar de gente sofrida, romântica, mas forte, seja ela negra, índia, mestiça ou branca.”
Para o presidente do Memorial, Fernando Leça, este “templo da arquitetura, impregnado do gênio de Oscar Niemeyer, que já recebeu chefes de estados como Bill Clinton, Gorbatchov e Fidel Castro, entre outros, está pronto para resgatar sua missão, que é aquela que se liga à pregação do ex-governador Franco Montoro de união dos povos latino-americanos”.
João Batista de Andrade, Secretário de Cultura do Estado de São Paulo, também manifestou alegria por finalmente estar se concretizando um velho sonho: “Logo que assumi, propus ao Memorial a criação do festival, que foi aceito pelo presidente Leça com entusiasmo”.
Recepcionado pelo presidente do Memorial, Fernando Leça, o governador chegou às 10h00 e iniciou uma rápida vistoria das obras recém-acabadas. O périplo começou na entrada principal (portão 1), esta também reformada depois de ficar cerca de 10 anos fechada. Ali Cláudio Lembo ouviu de Maria Bonomi explicações sobre a instalação que a artista está criando para ficar em definitivo justamente no corredor subterrâneo que dá acesso à Praça Cívica.
A obra chama-se “Etnias” e está sendo moldada em argila, bronze e alumínio. Como costuma fazer em seus projetos de arte pública, Bonomi está envolvendo a comunidade no processo de trabalho. Neste caso, além de jovens artistas venezuelanos, argentinos e brasileiros, ela conta com a colaboração de índios guaranis das aldeias Tenomdeporã (que significa “futuro bonito”) e Krucutu (de “kru, kru”, onomatopéia do som das corujas), ambas situadas em Parelheiros, São Paulo. Estavam presentes o cacique Timóteo e seu assessor, Lísio, entre outros guaranis.
A comitiva seguiu até a Galeria Marta Traba, onde ontem foi inaugurada exposição de Mário Gruber e depois até o ateliê de Maria Bonomi. De volta à Praça Cívica, o governador encontrou o escultor Gilmar Pinna, que expõe em frente ao Salão de Atos seus bustos gigantes de personagens que lutaram pela paz mundial e de Dom Quixote De La Mancha.
Já no interior do Salão de Atos a cerimônia transcorreu entre a descontração e a emoção contida, especialmente na hora do descerramento do busto do Patriarca da Independência, José Bonifácio de Andrada e Silva. Com alegria, o presidente Leça agradeceu ao reitores da USP, Unicamp e Unesp que, ainda na sua posse, há pouco mais de um ano, sugeriram que o Memorial criasse a cátedra que hoje torna-se realidade.
Em nome do Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas), a professora Suely Vilela, reitora da USP, anunciou que a Cátedra Memorial da América Latina “nasce com o objetivo superior de entender os problemas e conquistas das sociedades latino-americanas contemporâneas, no campo econômico, sócio-político e cultural”, objetivos esses que são os mesmos do Memorial.
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Fotos: Roberto Nemanis