FOTOGRAFIA

Um ensaio fotográfico sobre as origens que nos moldam e os rostos que revelam a ancestralidade latino-americana

Por Gustavo Ranieri

Fotos: Edú Salazar Henao

Quem somos? É essa questão que impulsiona o fotógrafo colombiano Edú Salazar Henao, autor das imagens que compõem esta matéria. Algumas delas fazem parte da série Nuestra identidad oculta, na qual o artista percorre há anos diferentes regiões da América Latina em busca dos traços que nos unem como povo.

Muito antes de existir um nome que nos abrangesse, já cruzávamos rios e cordilheiras, trocando saberes, gestos e crenças. É dessa ancestralidade comum que nascem os rostos retratados por Edú: indígenas, camponeses e seus herdeiros espalhados pelas grandes cidades. “Quero que tenhamos ideia de quem somos e de onde viemos, ainda que seja difícil por termos perdido a memória do que aconteceu conosco e pela mistura com os europeus durante o processo de colonização”, diz o fotógrafo. “Às vezes, me olho no espelho e não sei exatamente quem sou, pois vejo muitas informações. Sei que sou uma pessoa fruto de misturas ao longo do tempo,mas parte de minha família tem origem camponesa, cultura que adoro, respeito e quero valorizar. Quando revejo as fotos, sinto alegria, porque nelas estão pessoas que têm muito a me ensinar, trazem as raízes perdidas que já foram as mesmas da minha família.”

Na visão do artista, a modernidade nos deu novas identidades, mas também crises e desencontros. “Já não é possível olhar o mundo como antes, porque, ao mesmo tempo que somos filhos dessas antigas culturas, parece que não somos. Ainda assim, precisamos construir um mundo melhor e viver mais em paz.”