CHILE

Entre o Atacama e a Patagônia, o Chile aposta no turismo para conectar paisagens, culturas e pessoas, transformando a viagem em ponte entre os povos

Por Larissa Santiago

Fotos: Adobe Stock

Do deserto do Atacama às geleiras da Patagônia, passando pelos vales vinícolas, vulcões e florestas temperadas, o Chile é um país de contrastes geográficos e culturais que impressionam até os viajantes mais experientes.

Não à toa, o turismo é hoje um dos setores estratégicos da economia nacional e responde por cerca de 3% do PIB, empregando aproximadamente 7,4% da força de trabalho do país, segundo dados da Subsecretaría de Turismo. Só em 2024, o país recebeu mais de 5 milhões de turistas estrangeiros, o que representa um aumento de mais de 40% em relação ao ano anterior e a geração de US$ 3,6 bilhões em divisas para a economia, segundo dados do Ministério da Economia do Chile.

Esse desempenho é impulsionado por investimentos em infraestrutura turística, conectividade aérea e promoção internacional. Nos últimos anos, por exemplo, o país modernizou terminais aeroportuários, ampliou rotas diretas com destinos na América Latina e na Europa e intensificou campanhas de divulgação em mercados estratégicos, entre eles o Brasil, com o objetivo de consolidar-se como um destino moderno, sustentável e acolhedor.

“A prova do reconhecimento do Chile como destino turístico internacional é o fato de termos recebido recentemente cinco prêmios no World Travel Awards América do Sul 2025, nas categorias de Turismo de Aventura, Destino Romântico, Destino Verde, Destino de Natureza e Destino de Cruzeiros. Desde 2015, já conquistamos onze vezes o título de Melhor Destino de Turismo de Aventura”, explica o cônsul-geral do Chile em São Paulo, Juan Alonso Gutiérrez López. “Essa área de turismo de aventura tem muito potencial e precisa ser difundida ainda mais entre os turistas brasileiros que apreciam trilhas e travessias em lugares de difícil acesso e de beleza inesquecível.”

Segundo o diplomata, o público brasileiro continua sendo um dos mais importantes para o país. “No ano passado, mais de 787 mil turistas brasileiros visitaram o Chile. Sem dúvida, o que mais atrai é a neve e as vistas da Cordilheira dos Andes. Além disso, o Chile já está conectado com voos diretos para dez cidades brasileiras, o que torna a viagem muito mais fácil e permite aproveitar melhor o destino.” Mais do que isso, o Chile, tal como cada país da América do Sul, tem atrativos únicos. “Nossa natureza e cultura se destacam no mundo inteiro. Somos complementares, cada canto é incomparável, e os atrativos turísticos se transformam em experiências culturais parao visitante estrangeiro.”

Diversidade de roteiros

O Chile se estende por cerca de 4.270 quilômetros de norte a sul, e a variedade de experiências disponíveis é um dos fatores que mais cativam o público estrangeiro. Para os aventureiros, o Deserto do Atacama oferece uma paisagem surreal de lagos coloridos, formações rochosas e céus cristalinos, perfeitos para a observação astronômica. Podemos destacar também mais de 20 centros de esqui, muitos deles fora da região de Santiago, e cerca de 270 fontes termais, algumas localizadas nos próprios centros de esqui, como é o caso de Chillán.

Já na Patagônia chilena, a imensidão dos glaciares, montanhas e fiordes cria um cenário de cinema, ideal para trilhas e esportes de natureza. O país também é reconhecido por sua tradição vinícola. As regiões do Vale Central, de Colchagua e de Casablanca abrigam vinícolas premiadas que abrem suas portas aos visitantes, oferecendo tours, degustações e experiências gastronômicas.

Outro destaque é a Ilha de Páscoa, no meio do Pacífico, com seus misteriosos moais e rica herança cultural polinésia, um destino que une história e espiritualidade.

A gastronomia chilena complementa a viagem com sabores autênticos: pratos como pastel de choclo, curanto e empanadas refletem a fusão entre tradições indígenas e influência europeia. “A cultura é inerente à experiência turística. O turista percebe e gosta da nossa autenticidade. Na gastronomia, por exemplo, a extensa costa chilena oferece peixes e frutos do mar variados, além de pratos tradicionais como pastel de choclo ou empanada chilena, sempre acompanhados de um bom vinho ou um pisco sour.”

Mais do que um pilar econômico, o turismo no Chile é entendido como uma ferramenta de conexão responsável com o território. A diversidade de paisagens exige políticas cuidadosas e ações integradas para garantir que o crescimento do setor aconteça em sintonia com o meio ambiente. O país tem investido em infraestrutura e promoção internacional sem abrir mão de compromissos ambientais, tornando a sustentabilidade um diferencial competitivo e uma marca de identidade nacional.

A visão chilena sobre turismo valoriza o equilíbrio entre desenvolvimento e conservação. Isso significa incentivar o visitante a vivenciar experiências autênticas, respeitando a natureza e as comunidades locais. “Conciliar crescimento turístico e preservação ambiental é um desafio mundial. No caso do Chile, 22% do território nacional está sob algum tipo de proteção, e 43% da zona econômica exclusiva marinha também é protegida. Por isso, falamos de um turismo sustentável, em harmonia com os recursos naturais e o patrimônio de ambos os países”, conclui o cônsul-geral do Chile em São Paulo, Juan Alonso Gutiérrez López.