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Número 60 da publicação institucional celebra os 100 anos de nascimento do responsável pelo projeto cultural do Memorial da América Latina
Em 26 de outubro de 2022 o etnólogo, antropólogo, educador, ensaísta e romancista Darcy Ribeiro completaria cem anos. Para celebrar a efeméride, o Memorial da América Latina, por meio o Centro Brasileiro de Estudos da América Latina (CBEAL) lançou uma edição especial da revista Nossa América em homenagem ao homem que concebeu o projeto cultural do Memorial da América Latina, como a construção dos acervos da Biblioteca Latino-Americana e do Pavilhão da Criatividade e a idealização do Centro Brasileiro de Estudos da América Latina (CBEAL).
A edição 60 da publicação aborda vários aspectos pessoais, carreira, obras e legado de Darcy Ribeiro, contados por pessoas que conviveram com ele, além de abordar objetos de estudo de Darcy, como os temas dos indígenas, do racismo, da educação pública e da integração latino-americana.
Para esta edição, foram convidadas pessoas que dedicaram suas vidas a estudar a vida e a obra de Darcy Ribeiro. Vida e obra de antropólogo, educador, político e escritor. E de amante apaixonado pelo povo brasileiro. Também constam nesta revista textos de Almino Afonso, atual presidente do Conselho Curador do Memorial e ex-vice-governador. Foi dele a ideia de lançar este número especial da Nossa América totalmente dedicada ao seu amigo e companheiro de muitas jornadas. A fotógrafa Maureen Bisilliat também está presente. Maureen brindou a equipe da Nossa América com uma entrevista em vídeo inédita de Darcy, gravada alguns meses antes do seu fim. E sobre o que conversam? Sobre a vida, sobre o amor, sobre a liberdade e sobre a própria morte. Os temas fundamentais de todo ser humano.
O legado de Darcy ao indianismo brasileiro também merece destaque em Nossa América. Sua contribuição para o Parque Indígena do Xingu (PIX) e demais Terras Indígenas do país é ressaltada pelo antropólogo João Pacheco, do Museu Nacional. O segundo aspecto é a relevância intelectual de Berta Gleizer Ribeiro, com quem Darcy foi casado por 26 anos. Na educação, Nossa América investiga como as ações e as ideias de Darcy rebateram nas universidades públicas paulistas. Fica claro também o alcance e a riqueza da relação do antropólogo com intelectuais do Uruguai, Chile, Peru, Venezuela, México e Cuba, para ficar na América Latina.
A publicação está disponível na íntegra no endereço: https://memorial.org.br/publicacoes/.
Sobre Darcy Ribeiro
Etnólogo, antropólogo, educador, ensaísta e romancista, nasceu em Montes Claros (MG), em 1922, e morreu em Brasília (DF) em 1997, aos 74 anos. Foi membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) e senador. Formou-se em Ciências Sociais pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo (1946), com especialização em Antropologia. Criou o Antigo Museu do Índio (1953), a obra que dizia mais amar, e elaborou o projeto para o Parque Indígena do Xingu.
Fundador da Universidade de Brasília (UNB), foi seu primeiro reitor. Foi ministro da Educação do Governo Jânio Quadros (1961) e chefe da Casa Civil do Governo João Goulart. Cassado pelo regime militar, foi exilado e viveu em diversos países da América Latina.
Nesse período, foi professor de antropologia da Universidade Oriental do Uruguai e assessor dos presidentes Salvador Allende, do Chile, e Velasco Alvarado, do Peru.
Em 1976 voltou ao Brasil e, como vice-governador do Rio de Janeiro entre 1983 e 1987, implantou escolas de ensino básico em tempo integral, conhecidas como CIEP´s (Centros Integrados de Educação Pública). Eleito senador em 1990, foi um dos principais responsáveis pela elaboração de Lei de Diretrizes e Bases da Educação, promulgada em 1996.
Escreveu livros de antropologia, educação, romances e ensaios. É autor de O Povo Brasileiro, obra que retrata a formação étnica e cultural do Brasil, As Américas e a Civilização e América Latina: a pátria grande – livro que percorre a história dos povos latino-americanos e busca compreender como populações tão avançadas do ponto de vista sociocultural ocupam posição secundária no plano internacional. Condecorado com o título de Doutor Honoris Causa das Universidades de Sorbonne, Copenhague, Uruguai, Venezuela e da Universidade de Brasília, foi responsável pelo projeto cultural do Memorial da América Latina, como a construção dos acervos da Biblioteca Latino-Americana e do Pavilhão da Criatividade e a idealização do Centro Brasileiro de Estudos da América Latina (Cbeal).
Sobre a Revista Nossa América
Em março de 1989 nascia a Fundação Memorial da América Latina. E com ela, a Nossa América, uma das revistas culturais mais antigas do Brasil, de circulação ininterrupta.
A publicação é distribuída para bibliotecas públicas, instituições de cultura e consulados. Além disso, está disponível para consulta gratuita na Biblioteca Latino-Americana do Memorial. A versão digital pode ser lida no site da instituição, no canal de publicações (https://memorial.org.br/publicacoes/).
Nossa América teve um início grandiloquente, como o próprio Memorial. Seu Conselho Editorial era presidido por Alfredo Bosi e dele faziam parte Antonio Callado, Augusto Roa Bastos, Darcy Ribeiro, Ernesto Sabato, Eduardo Galeano, Milton Santos, Leopoldo Zea, José Miguel Wisnik, entre outros importantes intelectuais latino-americanos. No rol de colaboradores, fizeram parte Antonio Candido, Eric Nepomuceno, Gabriel García Márquez, Lygia Fagundes Telles, Ferreira Gullar, Celso Furtado, João Ubaldo Ribeiro, Juan Carlos Onetti, Cacá Diegues, entre outros.