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Noite emocionou pela pincelada trágica de Portinari e beleza das homenagens
Nessa segunda, 6 de fevereiro de 2012, a Fundação Memorial da América Latina viveu uma noite memorável, na qual se deu a inauguração da mostra “Guerra e Paz, de Portinari”. Os convidados lotaram as duas plateias do Auditório Simón Bolívar, cuja capacidade é de mais de 1800 pessoas. Estiveram presentes o Secretário de Cultura Andrea Matarazzo, o presidente do Memorial, Antonio Carlos Pannunzio (ambos na foto à esquerda), Celso Lafer, Almino Alfonso (na foto abaixo à direita, com João Candido Portinari), Alberto Dines, Maurício de Sousa (abaixo), o jogador Leão, o ex-presidente do Memorial Fernando Leça, Marcos Mendonça, Danilo Miranda, a cantora Adiel, entre autoridades, homens públicos e artistas.
Antes de visitar os painéis “Guerra” e “Paz”, no Salão de Atos, os esboços e estudos do artista na Galeria Marta Traba, bem como o audiovisual sobre a obra completa de Portinari, na Biblioteca Latino-americana Victor Civita, o público pode assistir um espetáculo de rara beleza, dirigido pelo palhaço, ator e diretor paraibano Luiz Carlos Vasconcelos.
Sob a regência do maestro Elias Moreira, uma orquestra de câmera criada especialmente para esse evento executou temas de Heitor Villa-Lobos e J. S. Bach. Milton Nascimento (abaixo, à esquerda) e Hamilton de Holanda (abaixo, empunhando o bandolim de dez cordas) se apresentaram em seguida. Ambos compuseram músicas inspiradas nos painéis “Guerra” e “Paz”. Em seguida, a atriz Beatriz Segall (última foto) leu trecho de texto do próprio Portinari sobre sua motivação ao pintar e foi exibido o documentário “Guerra e Paz”, de Carla Camurati. Para encerrar a noite, os dançarinos Ana Botafogo e Alex Neoral (ao lado) dançaram coreografia especialmente feita para a ocasião do coreógrafo norte –americano David Parsons, sob o “Adagio for Strings”, de Samuel Barber.
O espetáculo foi enxuto, sem arestas e tocante, sem cair o ritmo e a qualidade em nenhum momento. Telas de tule desceram sobre as laterais do palco e receberam a projeção de um interessante videografismo construído a partir dos desenhos e pinturas de Portinari. Os artistas convidados participaram compungidos, cada um prestando sua homenagem particular ao pintor Candido Portinari.
João Candido Portinari, chamado de professor por todos, por ter dado aulas de Matemática na PUC-Rio, fez um discurso emocionado e dedicou o evento também à memória da sua mãe, Maria Portinari, “companheira de sempre na vida e na obra de meu pai”. Para ele, “os painéis “Guerra” e “Paz” são uma síntese de uma vida inteira de Candido Portinari lutando contra as injustiças do mundo”. Ele destacou a afinidade de alma e de propósito entre a Fundação Memorial e esse projeto. “Tudo apontava para o casamento feliz que estamos assistindo hoje”, disse.
O Secretário Estadual de Cultura Andrea Matarazzo disse em seu discurso que há recortes de jornais dos anos 50 nos quais Ciccillo Matarazzo, criador da Bienal de São Paulo, declarava que queria trazer a São Paulo os painéis. Mas isso não foi possível e eles seguiram para Nova York. No entanto agora estão aqui não só os próprios painéis, mas uma minuciosa reconstituição histórica do processo de criação que, segundo Andrea Matarazzo, evidencia a importância de manter viva a memória de Portinari.
Por último, a Ministra de Estado do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello (ao lado, com Matarazzo e João Candido Portinari), destacou o longo trabalho do filho em resgatar, preservar e divulgar a memória do pai. Ela, por ser de Bauru, cidade do interior de São Paulo próxima ao local de nascimento de Portinari, desde a infância está acostumada a respirar o universo pictórico de Portinari. A Ministra Campello lembrou a fundamental contribuição do vice-presidente José Alencar no esforço em trazer as obras ao Brasil e restaurá-las. Ela agradeceu publicamente ao Projeto Portinari por, há seis meses, ter permitido que o programa Brasil Sem Miséria possa usar como queira as imagens da obra de Portinari para cumprir seu propósito.
Ao término da cerimônia, todos se dirigiram ansiosos para o Salão de Atos para finalmente conhecer os painéis “Guerra” e “Paz” restaurados.
Por Eduardo Rascov
Fotos Daniela Agostini