“Museus como agentes de mudança social e desenvolvimento” é o tema proposto pela 6ª Semana de Museus, que teve início no dia 12 de maio e segue até o dia 18 com uma programação variada em vários centros culturais brasileiros.
O Memorial da América Latina abriu o ciclo de eventos com a palestra “De Olhos Fechados” da artista plástica Ângela Barbour, que relatou sua experiência como produtora de imagens táteis para deficientes visuais durante o Projeto Céu Aberto – desenvolvido no Memorial entre os anos 2001 e 2003. A escolha da apresentação não poderia ser mais propícia para colocar em questão o papel social atribuído a essas instituições.
Criar meios que possibilitem a inclusão social das minorias através de políticas culturais específicas foi uma das preocupações da artista, e é uma ótima forma de combater o preconceito e promover mudanças sociais.
Barbour explicou que, juntamente com Carlos Alexandre Campos, deficiente visual desde os seis anos, e Sidnei da Silva, foi responsável pela organização de uma série de atividades que procuravam inserir os portadores de deficiência visual no espaço do Memorial. O projeto ganhou o nome de “Céu Aberto” e contou com instalação de linhas guias na instituição para garantir a livre circulação, oficinas de tornearia mecânica, modelagem e informática adaptada ás necessidades dos participantes, além de visitas guiadas pelo Pavilhão da Criatividade onde foi possível tocar alguns dos objetos do acervo.
A partir desse projeto nasceu a idéia da produção de um livro que retratasse o Pavilhão da Criatividade especialmente para os portadores de deficiência visual. Surge, assim, o desafio de elaborar imagens táteis que reproduzissem de maneira verossímil os objetos sentidos durante as visitas monitoradas. Com patrocínio do SENAI-SP, o Memorial publicou, em 2002, o livro “Pavilhão da Criatividade – Uma Visão Especial”.
A publicação é pioneira no Brasil na catalogação de obras de arte para portadores de deficiência visual. Além de textos sobre cultura latino-americana e a descrição do artesanato popular em braile e em caracteres grandes, o livro tem um diferencial: vem ilustrado com imagens em relevo que reproduzem a textura e o volume do objeto original, e não apenas o seu contorno. Em 2005, a obra foi incorporada ao acervo do Museu do Louvre, em Paris, o que significa que não faz parte da biblioteca do museu, mas sim de sua coleção de obras de arte.
Por Gabriela Mainardi