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Ela estudou teoria, percepcão, solfejo, história da música, estética, harmonia, contraponto, análise, voz, expressão, educação, etnomusicologia… tudo isso na faculdade de música, mas o que gosta mesmo é subir nos palcos e soltar a voz delicada. Bruna Caram nasceu em família de músicos, aos 9 anos já integrava os Trovadores Mirins. Cresceu e passou para os Trovadores Urbanos. Cresceu mais (em todos os sentidos) e arriscou carreira solo.
O show no Auditório Simón Bolívar será em torno do cd “Feriado Pessoal”, lançado em junho de 2009, com produção musical de Alexandre Fontanetti. Acompanhada por um quarteto, Bruna Caram interpreta “Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor” (Lô Borges e Márcio Borges), “Feriado Pessoal” (Bruna Caram), “Amor Escondido” (Janaína Pereira), “Caminho Pro Interior” (Otávio Toledo e J.C. Costa Netto), “Nascer de Novo” (Dani Black), “Alquimia” (Caê Rolfsen), “Gatas Extraordinárias” (Caetano Veloso), “Cuide-se Bem” (Guilherme Arantes) e “Fim de Tarde” (Juca Novaes e Eduardo Santhana).
Composições registradas em "Essa Menina", seu CD de estreia, também estão no roteiro, como a faixa-título (de Otávio Toledo) e “Sensação” (também de Otávio junto com J.C. Costa Netto). A cantora ainda empresta sua voz aos clássicos de Djavan (“Linha do Equador”), Roberto & Erasmo (“Fera Ferida”) e Lupicínio Rodrigues (“Vingança”). "Essa Menina", lançado no final de 2006 pela Dabliú Discos, ganhou edição também no Japão, onde a faixa-título emplacou em rádios importantes de lá. E por aqui, a partir do sucesso de “Palavras do Coração”, Bruna passou a ser reconhecida como um dos talentos emergentes da MPB.
Seu segundo CD – "Feriado Pessoal" – foi batizado com o nome da única composição própria que incluiu no repertório. Bruna mostra amadurecimento com este trabalho. Até os 18, ela teve pouco contato com jazz e pop estrangeiro. O Clube da Esquina foi o mais próximo que chegou do pop e isto não poderia ficar de fora, então gravou a pérola “Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor”, de Lô e Márcio Borges. Na busca por atingir não só quem gosta de MPB, mas também aqueles que apreciam outros gêneros, Bruna Caram está mais ousada, explorando mais a sua energia interpretativa e as novas possibilidades instrumentais, sem perder o frescor natural.
Leia texto de Pedro Só sobre a cantora:
“Bruna Caram tem senso de humor, escreve muito e bem para caramba. É musical e dona de uma bela voz educada, respira nas regras da arte. Tem 22 anos e toda a graça e frescor de seus 24 anos, o que pode encantar o público masculino e já fez Hebe Camargo carimbar seu indefectível “gracinha!” Também já foi dito que Bruna canta sorrindo. Um sorriso franco de quem está inteira em cada verso, preocupada em interpretar tudo na exata. Um sorriso capaz de ser franco mesmo quando não é nada sorriso. Simpática é a vovozinha; a moça se impõe.
Neta da cantora de rádio Maria Piedade, Bruna nasceu em Avaré (SP), berço do tradicional festival de MPB. Caiu cedíssimo em caldeirão de sofisticadas referências musicais e, dos saraus e rodas de choro familiares, passou sem traumas para o profissionalismo aos 9 anos. Por uma década inteira, como integrante dos Trovadores Mirins, e depois, dos Trovadores Urbanos, ganhou jogo de cintura e valiosa quilometragem em contato com os mais diversos tipos de público.
O primeiro álbum-solo, lançado em dezembro de 2006 pela Dábliu Discos, chamava-se Essa Menina. No Japão, a faixa-título chegou a emplacar em playlists de rádios importantes. Aqui, a partir do sucesso de Palavras do Coração, Bruna passou a ser incluída na lista de talentos emergentes da MPB. Agora, seu segundo disco foi batizado Feriado Pessoal, nome da única composição própria que ela e seu elevado senso crítico se permitiram incluir no repertório. É ouvir e comprovar que a menina cresceu: o groove de sax alto, guitarra e piano elétrico decola a partir de um afro-beat à Fela Kuti, e Bruna mistura declaração de independência com um bem-humorado pé no traseiro.
Estamos diante de uma cantora com voz própria e que sabe o que quer. Não fica perdida na roda de samba da quebrada alheia, não entra de penetra em baladas eletrônicas, não compra pronto o modelito, o business plan e o tal do “posicionamento no mercado”. Bruna está cercada por uma turma talentosa de músicos e compositores jovens de São Paulo, companheiros de geração, amigos da música, do bar, da vida real.
Na capa, ela aparece rindo, radiante, no alto do edifício Copan, 35 andares acima do chão paulistano. Parece caçoar do horizonte de prédios, do cinza, da pressa, da síndrome do pânico a cada esquina. E é por aí mesmo. “Minha idéia era: esse som vai atravessar a cidade”, confirma Bruna. Feriado Pessoal pode ser refrescante ou energético, uma pausa antes ou depois de docemente se deixar engolir pela urbe. Ou dela fugir, como está literalmente expresso no folk estradeiro Caminho Pro Interior (de Otávio Toledo e J. C. Costa Netto), decorado com o trombone de Bocato e Ukulele. “É meio Mallu Magalhães”, comenta Bruna, brincando. “Se quiserem que eu explique tintim por tintim, posso beber uma pinga e passar o dia inteiro contando. Mas queria que as músicas comunicassem imediatamente. A intenção é alcançar não só quem gosta de MPB, mas também quem curte outros gêneros.”
Bruna estudou piano desde os 7 anos e está se formando em Educação Musical pela Unesp. Até os 18, teve pouco contato com jazz e pop estrangeiro. O Clube da Esquina foi uma de suas fronteiras com o mundo pop, ligação que a primeira música do disco, Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor, permite retraçar. A recente pérola de Lô e Márcio Borges (gravada por Milton Nascimento em Pietá, de 2003) abre espaço em primeiro plano aos comentários blueseiros da guitarra do produtor Alexandre Fontanetti. Famoso pelos trabalhos com Rita Lee (Bossa’N’Roll é a maior referência) e Zélia Duncan, ele injeta diversidade nas três únicas músicas já conhecidas do repertório. Gatas Extraordinárias, hit de Cássia Eller com a assinatura de Caetano Veloso, não perde o suingue, mas ganha luxuoso arranjo de cordas que remete ao melhor da black music setentista. Na faixa final, Alexandre convida Christiaan Oyeens, especialista em violões havaianos de colo, para reinventar Cuide-se Bem, sucesso de Guilherme Arantes de 1976.
Nas composições inéditas, o produtor consegue proezas ainda mais expressivas, apoiado pelos pianos elétricos e sintetizadores vintage de Marcelo Jeneci, o baixo de Serginho Carvalho e ocasionais programações eletrônicas de Bruno Fiacadori. Com Fim de Tarde, de Juca Novaes e Edu Santana, ele e Bruna concretizam o pop/soul paulistano tão perseguido – em vão – pelo pessoal das décadas de 90 e 00. Em veia semelhante, a balada “Um momento”, de Otávio Toledo, explicita o sotaque na profusão de rimas em “einto”. Jamais passou pela cabeça de Bruna amenizar seu paulistês. “Não consigo cantar de um jeito que eu não falo”, explica ela.
A escolha do repertório, está sussurrado quase secretamente entre os agradecimentos, foi um “dramalhão”. Mas o parto difícil gerou filhos bonitos. Entre os destaques das pepitas garimpadas, está a sublime “Amor Escondido”, de Janaína Pereira. Originalmente um samba-choro, a canção ganha guitarra de colo, violão requinto (afinado uma quarta acima, para atingir notas mais agudas) e uma interpretação genial de Bruna, saboreando a doçura de cada verso como se fosse a última bala vermelha do pacote.
A bucólica Em Paz, escrita pelo jovem Pedro Altério com seus pais, Rita e Rafael, é outra obra inspiradíssima, com potencial para ser regravada em décadas futuras. Misturando violinos, cellos e guitarra filtrada por pedal wah-wah em seu belo arranjo, a complexa Alquimia revela outro baita compositor, Caê Rolfsen, 27 anos, elogiado violonista e um dos líderes da Gafieira São Paulo.
E há também a melodia sinuosa de Nascer de Novo (de Dani Black, prodigioso filho de Tetê Espíndola), cheia de notas “enganosas”, que proporciona a Bruna um tour de force vocal ao lado do piano de Marcelo Jeneci. Ao final da gravação, sem Auto-Tune ou qualquer outra maquiagem de defeitos, Alexandre Fontanetti deixou escapar, orgulhoso: “Que outra cantora da nova geração seria capaz de cantar essa música assim?” Repasso a pergunta a você e aconselho: ouça o disco inteiro. Com charme, jeitinho e simpatia, Bruna Caram se impõe.”
Serviço
Projeto Adoniran: Bruna Caram
12 de maio, quinta, às 21h
Auditório Simon Bolívar.
Ingressos: R$ 15,00 e meia-entrada.
Bilheteria: dias 11, das 14 às 19h, e 12, a partir das 14h.