
São Paulo, 15 de julho de 2009
Há quase 200 anos se iniciava o processo político que culminaria na Independência desta região que hoje chamamos América Latina. Em 2010 serão comemorados o Bicentenário da Independência dos seguintes países: Colômbia (20/07), México (16/09) e Chile (18/09). O Brasil conhece pouco essa história, o que se tornou uma preocupação das autoridades de ensino.
Este foi um dos temas discutidos pelo presidente do Memorial, Fernando Leça, na visita que fez hoje pela manhã ao Secretário Estadual de Educação, Paulo Renato de Souza. O Memorial e a Secretaria de Educação lançaram em março deste ano a coleção Fundadores da América Latina, que visa subsidiar o professor da rede pública. Este foi um dos desdobramentos do protocolo de cooperação assinado entre as entidades.
A primeira edição, de 20 mil exemplares, está sendo distribuída ao mestre neste semestre. Os livros são bilíngues (português e espanhol). Por meio deles, mais pessoas estão entrando em contato com a língua espanhola ou então utilizando-os como material de apoio para o estudo do castelhano.
Leça também apresentou ao secretário Paulo Renato o tema do 4° módulo da Cátedra Memorial da América Latina, que terá como catedrático o Prof. Dr. Hernan Chaimovich, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo: “Ciência, Tecnologia e Atividade Econômica na América Latina”.
As atividades do novo módulo começarão a partir do segundo semestre do ano e trarão uma novidade: conferências semanais ministradas por diversos especialistas com o objetivo de atribuir ao tema novos enfoques e ampliar a área de discussão. O público será constituído por vinte alunos do curso de extensão Ciência e Atividade Econômica na América Latina e quarenta interessados inscritos previamente.
As atividades da Cátedra Memorial da América Latina foram colocadas à disposição de professores selecionados da rede pública. Em um mundo repleto de problemas sociais e ambientais, a ciência, tecnologia e inovação se transformam em elementos essenciais para o alcance de uma sociedade mais humanitária, que tem suas raízes fincadas na sustentabilidade. O objetivo geral do curso é produzir informação qualificada, treinar pessoal e discutir o papel da Ciência produzida na América Latina que refletem nas decisões estratégicas
Fernando Leça ainda discutiu com Paulo Renato o programa Currículo é Cultura, da Secretaria, do qual o Memorial participa. A partir do mote “lugar de aprender também é fora da escola”, professores e alunos se envolvem em atividades articuladas com instituições culturais. Um material didático é preparado especialmente para o programa, como os livros e folhetos que o Memorial está editando.
Tradicionalmente, o Memorial recebe escolas. Os alunos são guiados por monitores especialmente treinados. O que se está fazendo agora é aperfeiçoar esse serviço já existente, articulando-o com a Secretaria de Educação. O site culturaecurriculo.fde.sp.gov.br assim define o programa: “Tendo em vista uma formação plural, este projeto oferece oportunidades para que alunos e professores da rede pública usufruam os equipamentos culturais disponíveis na cidade de São Paulo. Nessa perspectiva de trabalho da escola com a arte e a cultura, o trabalho do professor, responsável pela mediação do aluno com o conhecimento, será apoiado por materiais pedagógicos que reforcem a intencionalidade das experiências no âmbito cultural, articulando os conteúdos de diferentes áreas curriculares com os objetos socioculturais, fenômenos naturais e outras fontes de conhecimento com as quais os alunos irão interagir em suas visitas.
Os livros da Coleção Fundadores da América Latina se articulam ao programa Currículo é Cultura. Trata-se de uma série de livros com biografias de líderes das guerras de independência hispano-americanas coordenada pela professora titular em História da América Independente da Universidade de São Paulo (USP) Maria Lígia Coelho Prado.
São seis volumes, cada um assinado por um historiador, que serão distribuídos na rede de ensino público do Estado de São Paulo. O objetivo é propiciar aos professores material sobre temas da História da América Latina e, com isso, contribuir para que os alunos das escolas públicas possam entrar em contato com os acontecimentos que fizeram nascer as nações latino-americanas no século XIX. Ao mesmo tempo, servirão para preparar as visitas das escolas ao Memorial.
Os volumes são dedicados a Simón Bolívar, José Martí, Artigas, Bernardo O’Higgins e San Martín. Há um com o título “América Latina na Hora da Independência”, que discorre sobre os processos de independência em geral, facilitando o entendimento das trajetórias das figuras da coletânea. O processo de independência do Brasil não está presente porque já foi contemplado em uma coletânea anterior.
As grandes figuras da independência são apresentadas de forma contextualizada pelos autores, que também se interrogam sobre o papel dos indivíduos nos processos históricos e discutem a construção posterior das figuras desses heróis pelas historiografias nacionais.
Além dos textos, cada volume traz glossário, mapas do período e imagens de quadros e esculturas produzidos por artistas da época. Os livros são bilíngües, em português e espanhol.
A Secretaria de Estado da Educação é a maior rede pública de ensino do país. Possui cerca de 5 milhões de alunos, distribuídos no Ensino Fundamental e Médio, além da Educação de Jovens e Adultos. São 230 mil professores que lecionam nas 5.300 escolas em todo estado.
Por Eduardo Rascov