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“Em janeiro de 2010 São Luiz do Paraitinga foi cenário da maior enchente da sua história provocando prejuízos incalculáveis ao seu patrimônio histórico e sócio-ambiental. Uma cidade riquíssima culturalmente com suas tradições populares que envolvem desde o profano ao religioso, desde o tradicional carnaval de marchinhas, mitos e lendas às congadas, moçambiques, folias de Reis, festa do Divino Espírito Santo e procissões.
Este desastre levou muitos bens materiais causando muitas dificuldades, mas vivemos em uma terra abençoada, nosso povo é forte e guerreiro e nossos irmãos nos estenderam as mãos e ainda nos acolhem ajudando em nossa reconstrução histórica, social, cultural e espiritual. Hoje estamos aqui para mostrar que nosso bem imaterial, que é a nossa música, poesia, a nossa arte , a nossa folia sempre estará presente e cantaremos a todos em voz alta: “parahytinga vive de corpo e alma”.
Viva São Luiz do Paraitinga!
Viva a cultura brasileira!
Viva a arte Latina Americana!”
Leandro Barbosa,
músico de São Luiz do Paraitinga.
Os Músicos de São Luiz do Paraitinga são assim, e Tom Zé sabe disso, portadores de uma tradição que vem de tempos imemoriais. Os Músicos de São Luiz do Paraitinga mantém vivo, e Tom Zé sabe disso, um modo de fruição da cultura brasileira que insiste em reclamar um lugar na Modernidade. Não seria uma mera enchente – mesmo a baita enchente de janeiro deste ano – que iria interromper a linha de desenvolvimento da identidade regional e, porque regional, universal. Não se tratando dos Músicos de São Luiz do Paraitinga. E Tom Zé sabe disso, tanto é que fará uma participação especial no show do dia 14 de maio em prol dos cerca de 40 músicos que se apresentam no Memorial.
No início do ano as águas entraram nas casas dos Músicos de São Luiz do Paraitinga, e Tom Zé sabe disso, derrubaram paredes e levaram instrumentos musicais, partituras, figurinos, cabeções, mamulengos, fantasias das folias de Reis, da festa do Divino Santo Antonio, das procissões. Os Músicos de São Luiz do Paraitinga perderam tudo, menos a vida e a alegria de viver. E Tom Zé sabe disso, claro.
Foi pensando em dar uma força aos músicos de São Luiz do Paraitinga que o restaurador Cezar Roberto Olandim, que lá instalou seu ateliê há 8 anos, teve a idéia de convidá-los a sair de seu reduto e vir à capital para dar um show. A renda seria repartida em partes iguais entre eles, os Músicos de São Luiz do Paraitinga. Seria uma maneira bacana das pessoas expressarem solidariedade por meio do que lhes é mais próprio: a música.
É claro que a Fundação Memorial da América Latina comprou a idéia e não só cedeu o Auditório Simón Bolívar, como está oferecendo toda a infra-estrutura (equipe de produção, divulgação, assessoria de imprensa, segurança, limpeza, água, luz etc). O show dos Músicos de São Luiz, com a participação especial de Tom Zé, foi batizado de “Paraitinga Corpo e Alma” e será apresentado na noite da próxima sexta-feira, 14 de maio, às 21h. O ingresso inteiro terá o preço simbólico de R$ 20,00; também será vendida meia-entrada para estudantes, idosos, professores etc.
Vários grupos e estilos
“Paraitinga de Corpo e Alma”, com a participação especial de Tom Zé, é um evento beneficente em prol de artistas populares de São Luiz do Paraitinga, patrimônio histórico nacional e município de rica – e viva! – cultura tradicional que se funde e renasce a cada dia nas tradicionais festas de São Luiz do Paraitinga. O show terá grupos locais de vários estilos: Estrambelhados (marchinhas), Barone e a Loucomotiva Cabereca (autorais MPB), Sílvio Oryn e banda (autorais MPB), Loro e Lucas (música caipira), Jonca e Juca (catira, música raiz), César e Cisco (música regional autoral), Los Canteros (músicas autorais, dança do sabão e do caranguejo), Nelsinho Mato Dentro (músicas autorais raiz), Seu Renô Martins (Dança de São Gonçalo), Grupo de Violeiros Rio Abaixo (moda de viola) e Banda Santos (marchinhas).
Bilheteria: dias 13, das 14h às 19h, e 14, a partir das 14h. Auditório Simon Bolívar.
A casa e o ateliê de Olandim, idealizador e produtor do show beneficente, também foram invadidos pelas águas. Paredes e telhados caíram. Ele que já coordenou equipes na restauração dos três palácios do Governo do Estado de São Paulo, do Teatro Municipal de São Paulo e do Teatro São Pedro, agora se vê às voltas com a restauração da sua própria moradia e local de trabalho. Mas deixou tudo de lado para se solidarizar com os Músicos de São Luiz do Paraitinga. “Eles exercitam diariamente uma resistência cultural valiosa para o país“, explica.
Os estilos que serão apresentados em “Paraitinga de Corpo e Alma”, com a participação especial de Tom Zé, serão basicamente os seguintes, aliás os mesmos das agitadas festas da cidade:
Entre os participantes de “Paraitinga de Corpo e Alma”, temos:
Silvio Oryn
– Colosé (Silvio Oryn)
– Mana da Vida Humana (Silvio Oryn)
Seu trabalho se destaca principalmente pelo uso de instrumentos musicais ditos exóticos, tais como charango, citar indiano, whistle, bandolim, viola caipira, quatro venezuelano, entre outros. Seu show é acompanhado por uma banda , tendo um repertório de composições próprias e releituras de outros artistas influenciados por diversos ritmos como waino, cururú, batuque de viola,baião, samba e maracatu, entre outros.
Loro e Lucas
– Morena do Rancho (Pequenoilson Piaza/Loro e Pedro)
– Pé de Cédro (Goiá/Zacarias Mourão)
Benedito Baptista de Moraes(Loro) e Lucas Barros de Moraes(Lucas), estão juntos a três anos na carreira musical participando de festivais e shows que ocorrem na cidade de São Luiz do Paraitinga e região do Vale do Paraiba. O estilo musical de Loro e Lucas é raiz, mantendo a tradição da musica caipira , assim a dupla vem mostrando seu trabalho buscando defender a tradição da moda de viola, agora com um novo integrante: Divianderson Cristovão Aparecido Leite (Chicão), 19 anos de idade, ótimo violeiro, também dedicado à musica caipira e a valorização de suas tradições culturais.
Jonca e Juca
– Luar na Roça (Elpidio dos Santos)
– Despertar no Sertão (Elpidio dos Santos)
Filhos do casal de músicos Odair dos Santos e Maria Aparecida dos Santos (Odair dos Santos, por sua vez, é filho de Mestre Alve, irmão do grande compositor Elpídio dos Santos, que ficou célebre ao compor as trilhas sonoras dos filmes do Mazzaropi. Odair teve formação musical na banda da sua família, a Banda Santa Cecília, e participou da Corporação Musical de São Luiz de Tolosa, Banda Sabará e Banda do Exercito.Com um dom apurado de instrumentista Odair passou a tocar sanfona e fazer bailes por toda a região. Sua esposa Maria Aparecida aprendeu musica na Basílica velha de Aparecida do Norte, onde tocava Horgan; casou-se com Odair e veio para São Luiz do Paraitinga, dando continuidade musical, na matriz de São Luiz do Paraitinga, com o músico e Padre Cursino.
É neste ambiente musical que crescem os dois irmãos Jonca e Juca.
Musico autodidata com formação de banda participando da Corporação Municipal São Luiz de Tolosa como baixista (sopro) e na Fanfarra FAMIG, violonista, sanfoneiro, interprete e escaletista.
João Carlos Santos criou dupla regional Vigilante e Bancário e a banda de Marchinhas Banda Família Santos para participar nos Carnavais de São Luiz do Paraitinga.
Compositor de musicas raízes e marchas carnavalescas, teve participação como jurado nos festivais:
– Sertanejo- São Luiz do Paraitinga, Lagoinha e Natividade da Serra
– Junino- São Luiz do Paraitinga
– Marchinha de Carnaval- São Luiz do Paraitinga e Tremembé
Participou do grupo de jovens da Matriz São Luiz de Tolosa , Fanfarra FAMIG, Banda Los Herros, Orquestra de Violas Caipira de Campinas.
Compositor de musicas regionais e Marchinhas Carnavalescas.
Participação no festival Junino de São Luiz do Paraitinga como jurado.
A dupla Jonca e Juca se tornou fato a partir das evidências de suas formações e de uma grande pesquisa das obras de suas origens.
Banda Santos
– Dia de Carnaval (Juca Santos)
– Juca Teles (Marco Rio Branco/ Galvão Frade)
A Família Santos traz em sua história de vida a tradição originária de Elpídio dos Santos, aquele que encantou gerações nas canções e trilhas dos filmes de Mazzaropi. O repertório contém músicas de própria autoria como de compositores mais antigos, símbolos das verdadeiras festas de carnaval do interior do país. Sete músicos e seus instrumentos como (trompete, trombone, saxofone, violão, contra-baixo e bateria) fazem a alegria com as marchinhas de São Luiz do Paraitinga nos festejos de Carnaval.
Los Canteros
– Colcha de Retalhos (César Nunes)
– Bambora Mardito Boi (Leandro Barbosa)
– Dança do Caranguejo
– Dança do Sabão
Convivendo e vivenciando o caldeirão musical de São Luiz do Paraitinga, surgiu a banda Los Canteros. Fruto de um ambiente cultural riquíssimo, com manifestações folclóricas e tradicionais como as folias de Reis e do Divino Espírito Santo, congadas, moçambiques e ritmos caipiras como o rastapé, a moda de viola… Los Canteros trabalham as estruturas musicais e literárias da tradição Vale Paraibana, conciliando o tradicional com o moderno.
Seu repertório do show passeia pela diversidade e riqueza da musicalidade brasileira e latina americana com uma ênfase na cultura popular. Possuem composições próprias e de autores já consagrados no ambiente luizense, como Elpídio dos Santos. O estilo singular de Los Canteros permite que eles apresentem marchinhas carnavalescas dos festivais luizenses e dos principais blocos do tradicional carnaval de São Luiz do Paraitinga em diálogo com novas tendências da música contemporânea.
Los Canteros apontam como influência o grupo “Paranga”, Elpídio dos Santos e a Corporação Musical São Luiz de Tolosa – fundada há mais de duzentos anos e que é, ainda, referência em quaisquer festa de São Luiz do Paraitinga. Outra grande referência é o carnaval luizense de marchinhas, que vem crescendo exponencialmente e mantém a participação popular como elemento fundamental.
Los Canteros é composto por:
Baroni e a Loucomotiva Kabereca
– Meia Noite e Meia (Paulo Baroni/Antonio Mendes )
– Lágrima Sobre a Canção (Paulo Baroni)
Nascido no tradicional bairro da Casa Verde em São Paulo, Baroni, inicia suas apresentações musicais, em 1970 nos festivais e festas escolares. Com o professor Luis Gimenez de Barros (Luis Piga ), concluí o curso de harmonia e improvisação em 1982. Herdeiro de uma família de músicos, neto do Maestro Casemiro Baroni (Banda dos Bersaglieris) e filho de Paulo Baroni (percussionista de samba ), Baroni passa a atuar como profissional,no grupo Curva de Rio, onde começa a se integrar ao círculo musical paulistano.
No inicio dos anos 80, Baroni descobre São Luís do Paraitinga, e passa a freqüentar e fazer parte deste novo universo cultural. E, já na passagem da década de 90, muda-se para São Luís do Paraitinga, e passa a atuar como compositor, cantor, músico e professor de violão na cidade. A partir daí, inserido no contexto local, continua a fazer parte do carnaval da cidade, e a representar São Luís do Paraitinga, nos mais diversos eventos, sendo considerado atualmente, um dos grandes compositores de marchinhas da cidade e da região do Vale do Paraíba.
Nelsinho Mato Dentro
– Enchente 2010 (Nelsinho Mato dentro)
Crescendo e vivenciando as tradições da cultura caipira, desde pequeno Nelsinho Mato Dentro se tornou um grande compositor e intérprete da música raiz, e moda de viola trazendo em suas composições situações reais de seu cotidiano e da vida rural do caboclo
Grupo de Violeiros Rio Abaixo
– Trenzinho Caipira (Villa Lobos)
– Cururu da Cachoeira (domínio público)
Grupo instrumental que tem em seu repertório canções de autores como Elpidio dos Santos, Tedy Vieira, Angelino de Oliveira, Villa Lobos, Peão Carreiro, de própria autoria e outras de domínio público. Apresentam poemas e causos declamados. O folclore ao redor da viola caipira, instrumento ligado diretamente à essência do Vale do Paraíba, apresentando arranjos feitos com a participação de todos integrantes, com a misteriosa afinação Rio Abaixo, onde o acorde aberto acontece em Sol Maior dirigidos por Ecco do Sertão e Moreno Overá.
Seu Renô Martins
– Dança de São Gonçalo
Grande mestre da cultura oral caipira, seu Reno Martins desde pequeno participava de grupos folclóricos e de danças da cultura popular brasileira. Cantor de brão, dança de São Gonçalo, Jongo, Dança do Sabão e Dança do Caranguejo, entre outros. Atualmente participa de um dos últimos grupos de cavalhada do Vale do Paraíba mostrando, há mais de quatro décadas, a importância da valorização da identidade cultural de seu povo.
Serviço: Paraitinga de Corpo e Alma – Participação especial de Tom Zé
Show de vários grupos musicais da cidade de São Luiz do Paraitinga
Dia:14 de maio de 2010, sexta-feira, 21h
Horário: 21h
Local: Auditório Simón Bolívar
Ingressos: R$ 20,00 e meia-entrada
Bilheteria: dias 13, das 14h às 19h, e 14, a partir das 14h
Obs.: Renda totalmente revertida para os músicos de São Luiz do Paraitinga que se apresentam nesta noite. Pede-se a doação de livros, cds e DVDs para apoiar a campanha de reconstituição do acervo público de São Luiz do Paraitinga.
Créditos:
Fotos 1, 2, 4, 6,7 e 9 são de Olandim
As demais são da divulgação dos músicos