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“Com retalhos de tecido e pontos simples, as mulheres bordaram
o que não poderia ser dito em palavras…”
Isabel Allende em “Tapestries of Hope, Treads of Love”,
(Agosín, M., 2008, segunda edição).
Veja as fotos da abertura e da exposição
Mulheres de seis países expõem no Salão de Atos do Memorial, de 25 de setembro a 25 de outubro, 37 peças de bordado elaboradas com a técnica conhecida como arpillera, popularizada mundialmente a partir da oposição dos chilenos à ditadura do seu país entre os anos 1973 e 1990.
É a exposição internacional “Arpilleras: bordando à resistência”, que apresenta os trabalhos produzidos por mulheres chilenas, peruanas, espanholas, inglesas, irlandesas e brasileiras, inspiradas na determinação das suas criadoras em transgredir, em todos os sentidos, o papel feminino na sociedade.
A exposição está dividida em duas seções: “Arpilleras dialogantes” e “Atingidas por Barragens: Costurando os Direitos Humanos“. A abertura será no dia 25 de setembro, sexta, às 19h, com a participação da curadora internacional e pesquisadora Roberta Bacic e de bordadeiras do Movimento dos Atingidos por Barragens. O Coletivo Sambadas fará uma apresentação de samba de mulheres. Ao longo do período expositivo, haverá seminários, oficinas e mostra de filmes (confira a programação abaixo).
Aliás, durante este semestre, a Cátedra Memorial da América Latina trata também da questão dos deslocados, fenômeno contemporâneo que tanto grita atualmente na mídia. Sob o tema “Desloca (Migra) mentos (Mentes)“, a professora Bela Feldman-Bianco (Unicamp) convida palestrantes do Brasil e do exterior para analisar a questão sob diversos ângulos. Inclusive, em 7 de outubro, a professora Sonia Magalhães, da Universidade Federal do Pará, falará sobre os “Deslocamentos Compulsórios e Grandes Projetos de Infraestrutura: o caso Belo Monte”. Na ocasião, haverá o testemunho de vítimas da construção dessa grande barragem.
Arpilleras são uma técnica têxtil chilena, que incorpora elementos tridimensionais e retalhos de
tecido aplicados sobre suporte de juta, em espanhol “arpillera”, daí o nome. Nos dias sombrios da repressão militar chilena (1973-1990), as arpilleras floriram dos pátios interiores das casas e nas igrejas da periferia de Santiago. De trabalho invisível e afazer cotidiano, gritos de luta e de luto foram costurados pelas chilenas, com as roupas dos seus desaparecidos, e espalhados pelo mundo, desafiando o silencio imposto pelo regime do General Augusto Pinochet. Desde então, a linguagem e arte de fazer arpilleras têm inspirado outras mulheres no mundo, que continuam a documentar, através da costura, tanto suas experiências vividas quanto as suas respostas a abusos globais de direitos humanos.
Entre as atividades paralelas à exposição, destacam-se o seminário Modelo Energético Brasileiro: Atualidades e Desafios, que questiona a matriz energética do país, e a exibição de documentários sobre a saga das arpilleras chilenas e sobre as vítimas de barragens brasileiras, como o filme ” Garabi Panambi: a última batalha do rio Uruguai”, produzido neste ano pelo próprio Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).
Arpilleras Dialogantes, traz 12 arpilleras da coleção internacional Conflict Textiles, organizada há mais de 30 anos pela curadora e pesquisadora Roberta Bacic. Histórias de pobreza, repressão do Estado, perdas de vida, desaparecimentos, encarceramento, e, por fim, o retorno à democracia, são desveladas pelas peças mais antigas (1970-1999), confeccionadas por chilenas e peruanas. Histórias de resistência a questões atuais que têm um impacto tanto local como global são colocadas nas arpilleras mais atuais: Lutas indígenas pela terra, minas terrestres e migrações.
Atingidas por Barragens: Costurando os Direitos Humanos, traz 25 testemunhos têxteis sobre violação de direitos humanos, confeccionados coletivamente por mais de 900 mulheres do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), espelhadas por todo o Brasil. Explica o MAB: “Para nós, mulheres atingidas, as arpilleras têm sido um caminho para denunciar nossas histórias negadas. A barragem chega sem informação alguma, sem consulta, destrói o nosso tecido social e comunitário, nossas redes de apoio, trazendo junto marginalização, prostituição, e violência sobre nossos corpos. Torna-se uma luta viver. Nós atingidas, temos nossas vidas rasgadas. Nas arpilleras, temos encontrado o fio, a juta, a linha para costurar um sentido, nos empoderar como sujeito no processo de emancipação humana, afirmando nossa identidade de lutadoras frente à realidade desigual do modelo energético brasileiro. É nessa dialética da crítica-proposição, tão própria dos movimentos sociais brasileiros, que as nossas arpilleras se entrelaçam com as Arpilleras dialogantes de todo o mundo, onde as denúncias das violações aos direitos humanos das mulheres, são costuradas junto com o anseio de que outro mundo é necessário, aquecendo nos corações a sua possibilidade.”
Programação
* Exposição : Bordando à resistência
ARPILLERAS: BORDANDO À RESISTÊNCIA
25 de setembro de 2015, sexta-feira, 19h
Salão de Atos Tiradentes
Exposição: de 26 de setembro a 25 de outubro de 2015
Local: Salão de Atos Tiradentes / Memorial da América Latina
(terça a domingo, das 9h às 18h)
Entrada Franca
* Seminários Arpilleras: bordando à resistência:
– “Mulheres em Luta: Bordando a Resistência”
19 de Outubro de 2015, segunda, das 9 às 17h
Biblioteca Latino-Americana
– “Modelo Energético Brasileiro: Atualidades e Desafios”
22 de Outubro de 2015, quinta, das 9 às 17h
Biblioteca Latino-Americana
19h – Ato de Encerramento e Agitação Cultural (Salão de Atos Tiradentes)
– “Costurando Direitos Humanos”
26 de Setembro de 2015, sábado, das 9 às 17h
Biblioteca Latino-Americana
18h – Ato Encerramento Projeto “Direitos das Populações Atingidas no Brasil” (MAB – União Europeia)
Inscrições prévias gratuitas: http://goo.gl/forms/jSk3qUBbb8
Vagas limitadas para cada seminário
* Cine Debates no Espaço Vídeo – Pavilhão da Criatividade:
Arpilleras: Bordando à Resistência
4 de Outubro de 2015, domingo, a partir das 18h
“Como Alitas de Chincol” (Vivianne Barry, Artemia Films, 2002)
“Retazos de Vida: Arpilleras Chilenas” (Gayla Jamison, 1993)
“Hilos que unen” (Gayla Jamison, 2014)
Teaser: “Arpilleras: bordando à resistência” (MAB, 2015)
Resistências e Lutas dos/as atingidos/as por Barragens
18 de Outubro de 2015, domingo, a partir das 18h
“Guapiaçu: um Rio (de Janeiro) Ameaçado” (MAB, 2015)
“Garabi Panambi: a última batalha do rio Uruguai” (MAB, 2015)
A questão Energética na Amazônia
25 de Outubro de 2015, domingo, a partir das 18h
“Ameaça à Volta Grande do Xingu” (MAB, 2014)
“As contradições do Complexo Tapajós” (MAB, 2013)
* Oficinas “Arpilleras: bordando à resistência”:
17 e 24 de Outubro de 2015, sábados, das 14 às 17h
Salão de Atos Tiradentes – Memorial da América Latina
Inscrições prévias gratuitas: http://goo.gl/forms/jSk3qUBbb8
Vagas limitadas para cada data de oficina
Veja as fotos da abertura e da exposição
SERVIÇO
Arpilleras, Bordando a Resistência
25 de Setembro – 25 Outubro
Ato de Abertura, sexta, 25 de setembro, às 19 horas
Terça a domingo, das 9h às 18h
Salão de Atos Tiradentes/ Fundação Memorial da América Latina
Outras Informações:
http://www.mabnacional.org.br/
E-mail: eventoscbeal@memorial.sp.gov.br
Telefone: (55 11) 3823-4780
Entrada franca