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São Paulo, 18 de março de 2010.
Maureen Bisilliat, curadora do Pavilhão da Criatividade do Memorial da América Latina, foi homenageada na noite de quarta-feira, 17, no Palácio dos Bandeirantes. Ela recebeu das mãos do governador do Estado, José Serra (foto 1), a Ordem do Ipiranga, outorgada a cidadãos que têm prestado inestimável contribuição a São Paulo e ao Brasil. Também receberam a comenda (foto2 geral) o jornalista Armenio Guedes, a bailarina e cenógrafa Hulda Bittencourt, as atrizes Maria Della Costa (foto 5), Regina Braga e Christiane Torloni, a cineasta e atriz Carla Camurati, a pintora Beatriz Milhazes, o ator e cantor Agnaldo Rayol, o diretor do Departamento Regional do SESC, Danilo Miranda (foto 3), o cartunista Mauricio de Sousa (foto 4), o empresário Pedro Herz, e o bibliófilo José Mindlin – o único a receber a homenagem post morten.
Aos 79 anos, a fotógrafa Maureen Bisilliat expõe neste momento na Av. Paulista uma grande mostra antológica de sua obra, que inclui fotos, vídeos, projetos gráficos e textos com reflexões poéticas. Olhando sua obra em conjunto, fica evidente que Muareen Bisiliat – inglesa de nascimento, de mãe de origem irlandesa e pai argentino de origem italiana, a quem o escritor João Guimarães Rosa chamou de ?cigana irlandesa? ? ama e conhece profundamente esse nosso país.
A honraria é uma distinção estadual iniciada pelo governador Abreu Sodré em junho de 1969. o presidente do Conselho Estadual de Honraria e Mérito é o senhor Adilson Cezar. Na solenidade de outorga da Ordem do Ipiranga, Adilson Cezar explicou que “A Ordem do Ipiranga é destinada a alguém que tenha um destaque específico numa área e que, evidentemente, defenda os valores paulistas e nacionais”. O presidente do conselho lembra que a Ordem é honorífica, ou seja, não se trata de um título nobiliárquico, que se transmite de geração para geração. A cerimônia de entrega da Ordem do Ipiranga, a única do Estado, contou com a presença do grão-mestre da ordem, o governador José Serra, e seu chanceler, o secretário-chefe da casa civil, Aloysio Nunes Ferreira.
Fotos de Sérgio Andrade/Governo do Estado de São Paulo
Um olhar amoroso nas entranhas do Brasil
A fotógrafa Maureen Bisilliat inaugurou mostra antológica de sua obra em 1º de março, na Galeria de Arte do SESI-SP, na avenida Paulista, em São Paulo. A exposição é promovida pelo Instituto Moreira Salles (IMS), em parceria com o SESI-SP, e já esteve em cartaz, no ano passado, na sede do IMS no Rio de Janeiro. São mais de 200 fotos clicadas por Bisilliat nos últimos cinqüenta anos. Maureen é a curadora do Pavilhão da Criatividade deste Memorial.
?Fazer uma retrospectiva como essa que se quer auto-biográfica é muito perigoso?, comenta a fotógrafa, ?pois poderia ficar fragmentada?. Para fugir desse risco, Maureen contou com o apoio profissional da equipe do IMS. Sergio Burgi, coordenador de fotografia do Instituto Moreira Salles, conta que ?a mostra Fotografias Maureen Bisilliat é a coroação de um trabalho de 6 anos?. Ele explica que a ?preocupação do instituto tem sido formar uma coleção de grandes fotógrafos brasileiros, conservando sua obra completa”. Esse é o caso da Maureen. ?O trabalho dela foi muito importante para uma geração de fotógrafos brasileiros. Toda a sua produção dos anos 60, 70 e 80, bem como as aulas que deu na In Foto desempenharam um papel importante na produção contemporânea?, resume Burgi.
Fazem parte da exposição os ensaios fotográficos que tornaram Maureen notória: o universo de Guimarães Rosa, os índios do Xingu – realizado em estreita colaboração com os irmãos Villas-Boas -, os sertões de Euclides e as caranguejeiras em conversa com o poema de João Cabral de Melo Neto. Outros ensaios presentes são ?Cortejo luminoso?, ?Boi-bumbá?, ?Pele Preta? e ?Romeiros? .
Nesses trabalhos, Maureen parte do registro da realidade objetiva para um trabalho autoral que se assemelha à pintura. Joana, responsável pela digitação do Instituto Moreira Salles, conta que a primeira vez que mostrou à Maureen o contato (ampliação com a prova dos negativos), ouviu o seguinte comentário da autora: “Você teve medo. Você tem que queimar mais, ir mais além, trazer o preto. Sim, você teve medo”.
“Era verdade. O contato é mais para leitura, então pensei em deixá-lo o mais visível possível…”, confessa Joana. Daí a importância de ter o fotógrafo junto. “Ela foi interferindo o tempo todo. Fazia questão de ter o traço dela. É quase como se ela chegasse na fotografia normal e pintasse ou desenhasse em cima…”
Marcos Albertin, responsável pela montagem da exposição ressalta outro aspecto desse trabalho de criação/interpretação de Maureen: “Ela joga conscientemente com o aspecto gráfico da fotografia. Por exemplo, na hora de digitalizar uma imagem em preto e branco, ela pede para zerar as mínimas e subir as máximas…”, e dessa maneira constrói um sentido novo, por meio do jogo entre trevas e a fonte de luz.
A exposição conta inclusive com um amplo espaço dedicado totalmente a suas viagens ao altiplano boliviano, à China e ao Japão. A antologia proporciona ainda ao visitante uma leitura simultânea entre a produção fotográfica e a produção editorial de Maureen Bisilliat ao longo de sua carreira, revelando tanto a fotógrafa como a editora de imagens e textos.
Durante toda a mostra, haverá a projeção de “Xingu/Terra”, documentário feito na década de 1980 por Maureen Bisilliat e Lúcio Kodato, rodado na aldeia mehinaku,no Alto do Xingu.
O IMS está lançando também uma publicação homônima à exposição, que reconstrói a trajetória de Maureen. O livro, editado pela própria fotógrafa, reúne 12 ensaios fotográficos, dispostos de forma delicada e subjetiva. As imagens são combinadas a textos selecionados por Maureen de João Cabral de Melo Neto, Guimarães Rosa, Jorge Amado, Euclides da Cunha, entre outros.
O livro ainda traz uma biografia de Maureen escrita por Marta Góes, uma reunião das melhores críticas já escritas sobre seu trabalho e uma bibliografia comentada pela autora. Tudo isso ilustrado por imagens de paisagens, pessoas e objetos que a marcaram ao longo da vida. É pois uma fonte de referências inestimável sobre suas publicações, exposições, vídeos e filmes.
Vernissage: 01 de março de 2010, às 19h
Local: Galeria de Arte do SESI, av. Paulista, 1313 – Metrô Trianon-Masp
Exposição: 2 de março a 4 de julho
Horário de visitação:
segundas-feiras, das 11h às 20h; terça a sábado, das 10h às 20h; domingo, das 10h às 19h
Informações: (11) 3146-7405/3146-7406 / www.sesisp.org.br/centrocultural
ENTRADA FRANCA
Agendamento de grupos: 11 3146.7396 – de segunda a sexta, das 10h às 13h e das 14h às 17h.
Por Eduardo Rascov