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Liderança proeminente na cena política brasileira durante décadas, André Franco Montoro (1916-1999) destacou-se pelo modo transparente de fazer política, marcado pela coerência ideológica, pelo desapego a cargos e pelo exercício da democracia em todas as funções que assumiu. Organizado pelo cientista político José Augusto Guilhon Albuquerque, O legado de Franco Montoro, co-edição do Memorial da América Latina e da Imprensa Oficial, recupera a herança intelectual, política e moral do político paulista. O lançamento acontece na terça-feira, dia 18 de março, a partir das 18h30, no foyer do Auditório Simón Bolívar.
O livro é resultado de um projeto do Memorial voltado para a formação de um acervo de depoimentos sobre Montoro, que incluiu também exposição e seminário, realizados no ano passado. Mais do que uma simples homenagem, o projeto é um estudo sobre o homem e o político capaz de iluminar o presente e apontar caminhos futuros.
"O legado de Franco Montoro é imenso e multidimensional. Os tempos fizeram com que, hoje, uma de suas dimensões se destaque, ofuscando as demais: sua integridade moral, tanto de homem público como de pater familias, sem esquecer o homem de partido. Dentre as gerações de líderes políticos, empresariais, acadêmicos, sindicais e religiosos que se têm destacado em São Paulo e no Brasil, conheço poucos que não aprenderam alguma coisa com Franco Montoro", diz José Augusto Guilhon Albuquerque.
“Montoro foi sempre muito popular e soube muito bem transformar essa popularidade em voto. Mas nunca se rendeu ao cultivo obsessivo da popularidade. Tampouco ignorou a necessidade de atingir o povo com um discurso simples e objetivo, envolvido em uma grande dose de entusiasmo”, escreveu o governado José Serra no capítulo em que traça um paralelo entre a ação de governo e a ação política de Montoro.
Homem de idéias e de ação, mobilizador de massas e campeão de votos, Montoro revolucionou a arte de governar, exercendo sua autoridade sem autoritarismo, abrindo espaço para a formação de novas lideranças e pregando e praticando o princípio da descentralização – referências muito valiosas principalmente nessa conjuntura da política brasileira, em que a falta de compromisso com o interesse público ganha cada vez mais terreno.
Democrata cristão, Montoro começou a fazer política nos anos 30, quando estudava na Faculdade de Direito da USP. Vereador, deputado estadual, deputado federal, ministro do Trabalho e Previdência Social durante o interregno parlamentarista de 1961-1962, senador, governador de São Paulo entre 1983 e 1987 e co-fundador do PSDB, Montoro converteu-se na mais importante liderança política no começo dos anos 70, em plena ditadura, ao comandar nacionalmente a campanha do MDB para o Congresso em 1974, quando o partido impôs a primeira grande derrota eleitoral à Arena, dando início ao processo que culminou com o fim do regime militar, onze anos depois.
A obra está organizada em duas partes. Na primeira, textos assinados por Fernando Henrique Cardoso, Eduardo Muylaert, Rubens Barbosa, Marcos Giannetti da Fonseca, José Augusto Guilhon Albuquerque e José Serra, apresentados no seminário, dissecam aspectos da atuação política de Franco Montoro. A segunda parte traz depoimentos de 116 personalidades – recordações que compõem um amplo painel sobre a vida pública e privada do ex-governador – como Aécio Neves, Alberto Goldman, Almino Affonso, Bolívar Lamounier, Boris Fausto, Celso Lafer, Eduardo Matarazzo Suplicy, Geraldo Alckmin, João Sayad, José Goldemberg, Jorge da Cunha Lima, Miguel Reale Jr., Pedro Simon, Plínio de Arruda Sampaio e Yeda Crusius – além dos autores dos textos da primeira parte.
O legado de Franco Montoro
Organizador: José Augusto Guilhon Albuquerque
Fundação Memorial da América Latina/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo/340 páginas – R$ 40,00
Lançamento: 18 de março, às 18h30/Foyer do Auditório Simón Bolívar.