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O rap é um elemento presente no universo de referências culturais dos meninos internos da Febem, que de uma forma ou de outra se vinculam ao movimento hip hop. Levando isso em consideração, a Diretoria de Arte e Cultura da Febem-SP programou o 1º Febem Rap Festival, cujo final será no próximo dia 23 de junho, no auditório Simón Bolívar. Dele participam 15 músicas classificadas, que farão parte de um CD com tiragem inicial de 2000 cópias. O evento contará com um dos pioneiros do movimento hip hop, o rapper Thayde, entre outros músicos profissionais.
O tema do festival é a Paz e se desdobra na seguinte frase: “É pela Paz que eu não quero seguir admitindo”. Esse foi o mote não só para a criação dos adolescentes, como também de discussões e debates. As composições abordam assuntos como a violência e outros problemas urbanos, a desigualdade social, drogas etc. Das mais de cem músicas inscritas, vindas das 77 unidades da Febem em todo o estado, 30 foram selecionadas para as semifinais, que aconteceram no dia 26 de maio passado, no auditório da Secretaria Estadual de Educação, na Praça da República, e nos dias 6, 7 e 12 de junho, nos complexos da Febem Tatuapé, Vila Maria e Ribeirão Preto, respectivamente.
Talvez nenhuma outra linguagem artística fale da realidade de seus autores de maneira tão apropriada quanto o rap. A narração de um cotidiano insólito proporciona aos protagonistas da cultura hip hop um modo de gritar. A crueldade dos presídios brasileiros, a miséria da vida miserável na periferia, a violência dos chefes do tráficos, a bandidagem, a bala perdida, os evangélicos, os excessos da polícia, tudo isso, mas também a adrenalina, a vida curta e aventureira, as “mina” da favela, a cumplicidade, a malandragem, a solidariedade, a sobrevivência, a dignidade, a moral, a esperança, o desejo…
Tudo isso vazado no lirismo áspero do rap, que o aproxima da fala, do discurso militante. Ao expor a ferida com a crueza de quem a sofre na própria carne, o rapper torna-se modelo para jovens das grandes cidades brasileiras, muitos deles vivendo em lares desestruturados e carecendo de oportunidades de emprego e educação. Nesse conjunto estão inclusos os milhares de adolescentes cumprindo medida sócio-educativa.
Nada melhor, portanto, que estimular esses últimos a darem vazão à criatividade por meio do rap, auxiliando-os na sua construção pessoal e inserção em uma sociedade que lhes aparece como hostil, mas que pode ser modificada. A experiência mostra que promover a cultura do hip hop entre os adolescentes é lhes dar um papel de protagonista criativo, político e socialmente aceitável.
Programação
19:40h Abertura – MC’s e B-boys do Instituto Mensageiros
20:10h Início das Apresentações
21:30h Thaíde apresenta Grupo Expressão Ativa
21:50h Apresentação DJ Kefing
22:10h Resultado (1°, 2°, 3° lugares, melhor letra e melhor intérprete)
1º. Febem Rap Festival
Dia 23 de Junho de 2006, às 19 horas
Local: Auditório Simón Bolívar
Telefone da Febem para informações 6846-9000