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Fernando Leça, presidente do Memorial da América Latina (na foto à esquerda), abriu oficialmente o Dia Internacional de Luta Contra a Discriminação Racial. Em seu discurso, destacou que a casa está sempre aberta à causa negra e que integrar as amplas camadas excluídas ao ambiente econômico, educacional e cultural faz parte da missão desta Fundação.
O evento foi promovido pela ong Afobras – Sociedade Afro-Brasileira de Desenvolvimento Sócio-Cultural, que reúne 1700 associados e parceiros como a Fundação Coca-Cola, IBM, Microsoft, Universidade da Flórida (EUA), Unip e Universidade Metodista, entre outras.
A data comemorada em todo o mundo é uma iniciativa da ONU para não deixar ser apagada da memória a lembrança do trágico dia 21 de março de 1969, quando o regime de então da África do Sul, no áuge do Aparthaid, reagiu a bala a uma manifestação pacífica pela igualdade de direitos. Foram fuzilados sumariamente 69 negros, mais 186 feridos.
Como que para provar que a história é dinâmica e uma construção dos homens, 37 anos depois, estava presente no Memorial, prestigiando o evento, o cônsul sul-africano acreditado em São Paulo, Modiba Isaac Choshane. Kofi Anann, secretário-geral da ONU enviou uma mensagem por meio eletrônico (foto ao lado). Nela expressava sua alegria por algumas nações terem experimentados mudanças nas leis que legitimavam o racismo, mas manifestou preocupação por uma mal que continua e talvez seja mais perigoso por ser quase imperceptível: a discriminação miúda e cotidiana. na qual uma vaga ou emprego é negado devido a raça ou aparência de seu pleiteante; ou então, os dois pesos e duas medidas na empresa: ao trabalhador negro é pago um salário menor, se comparado ao branco…
Em2003, a Afrobras fundou a Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares (Unipalmares), que, além de se preocupar com o ensino, procura facilitar a inclusão de seus alunos no mercado de trabalho. Com o apoio dos governos federal, estadual e municipal, José Vicente, advogado e sociólogo, presidente da Afrobras e reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, conseguiu armar um amplo leque de apoio, que só faz aumentar. Atualmente com cerca de mil alunos (87% negros auto-declarados), o reitor procura garantir que os estudantes tenham estágios em grandes empresas. “Porque não adianta nada se formar e depois não conseguir emprego”, explica.
Os alunos da Unipalmares, em peso no Memorial (na foto ao lado, alguns deles cantam no coral da faculdade), vibraram quando foram anunciados convênios com alguns dos principais bancos brasileiros. Serão 200 vagas de estagiários na categoria de “executivo júnior”! “Queremos criar um ambiente de estudo para nosso povo”, diz José Vicente. “Podemos até dançar, cantar e jogar futebol bem, mas precisamos é estudar”, enfatiza.
O governador Geraldo Alckmin foi aclamado ao chegar. “Comendador” da Afrobras desde 1999, ele é agora o presidente de honra da ong. Em ato solene, recebeu nessa noite, a Medalha do Mérito Afro-brasileiro no Grau Chanceler.
Ladeado no palco por outros “comendadores” da Afrobras, como o ex-prefeito Celso Pitta, a física do ITA Sônia Guimarães, o embaixador Jadiel de Oliveira, o presidente da Nestlé Ivan Zurita e o presidente Leça (foto ao lado), Alckmin mencionou algumas das “ações afirmativas” do seu governo, como incentivar que as universidades públicas, as escolas técnicas e as faculdades de tecnologia desenvolvam uma política de pontos adicionais para os estudantes pretendentes negros ou de escolas públicas. Além dele, receberam medalhas Márcio Cypriano, presidente do Banco Bradesco, Emilson Alonso, presidente do Banco HSBC, Miguel Jorge, vice-presidente do Banco Santander Banespa, Alexandre Raposo, presidente da TV Record, Gustavo Petta, presidente da UNE, Netinho de Paula, cantor e presidente do canal Televisão da Gente e Wilson Simoninha, entre outros