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Quem visitar a Biblioteca Latino-americana Victor Civita este mês e for procurar um livro vai se deparar com “varais” ligando o espaço entre as estantes de livros. Neles foram pendurados cordéis de várias procedências. Tecidos rudimentares e coloridos, conhecidos popularmente por chitas, enfeitam especialmente uma estante. Nela foi concentrado livros e outras publicações do acervo da biblioteca que abordam o tema “Cordéis”. No mesmo espaço foram fixados xilogravuras, que tradicionalmente acompanham a literatura de cordel.
Essa exposição faz parte do evento “Junho entre cordéis”, que inclui um bate papo com a participação do cordelista Moreira de Acopiara do cordelista e xilogravurista João Gomes de Sá e do xilogravurista Valter Eduardo. O trio vai discutir a rica relação entre cordel, xilogravura e literatura.
João Gomes de Sá se autodefine como poeta popular, xilógrafo, autor teatral e pesquisador da cultura popular Brasileira. Valter Eduardo tem diploma universitário de arte-educador, formado
em Artes Visuais , e professor de xilogravura. Já o cearence Moreira de Acopiara é um cordelista com preocupações meta-linguísticas e históricas.
Senão, vejamos:
“EU resolvi escrever/ Um cordel sobre CORDEL/ Porque o cordel tem sido/ Meu companheiro fiel,/E pra tirar do leitor/ Alguma dúvida cruel/ O cordel em minha vida/ Esteve sempre presente/ E tenho certeza que/ Na vida de muita gente/ Até hoje ele tem sido/ Um companheiro excelente./ É que nasci no sertão/ Onde havia pouca escola./Por lá os divertimentos / Eram: um joguinho de bola,/ Forrós, vaquejadas e/ Versos ao som da viola./ Mas o povo era sensível,/ E apesar de ser pacato, De ter pouca informação/E de residir no mato, A leitura de folhetos/ Foi sempre o grande barato. (http://www.moreiradeacopiara.hpg.com.br/poesia/poesias/um_cordel_sobre_cordel.hm).
A chamada “Literatura de cordel” é um tipo de poesia muito popular no nordeste e nas cidades de forte migração nordestina, como São Paulo. Originalmente, era impressa em folhetos rústicos e exposta para venda penduradas em cordas ou cordéis (daí o nome). Os textos são ilustrados por xilogravuras. As estrofes mais comuns são de seis, oito ou dez versos. Em praça pública, o cordel pode ser recitado acompanhado de viola, como os menestréis medievais.
Serviço: “Junho em Cordéis”
Exposição de segunda a sexta, das 9h00 às 18h00 e sábado, das 9h00 às 15h00
Período: 1 a 30 de junho
Bate papo com os artistas: dia 26 de junho, sábado, às 15h00
Fundação Memorial da América Latina
Bilioteca Latino-Americana Victor Civita
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ENTRADA FRANCA
Fotos: Daniela Agostini