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São Paulo, 16 de agosto de 2009.
“Em breve, a água do mundo será transformada em comodity, como o petróleo ou o minério de ferro”, diz a jornalista Leonor Amarante. Mas “a arte altera os mapas, inventa lugares, levanta limites e transfere locais”, declara ao jornal O Estado de São Paulo, na edição de 15 de agosto. Como a água, a fluidez da arte contemporânea invade, desloca, contamina, limpa, desequilibra todos os lugares. Daí o tema “Água Grande: Mapas Alterados”, da 5ª Bienal Latino-Americana de Artes Visuais – VentoSul, que começou em 8 de agosto e vai até 11 de outubro de 2009, em diversos locais de Curitiba.
A curadoria é formada por Leonor Amarante – editora executiva da Revista Nossa América, publicada pelo Memorial da América Latina, e colaboradora de revistas de arte do Brasil e exterior – e Ticio Escobar – membro do Claustro do Doutorado em Filosofia, Estética e Teoria da Arte da Universidade do Chile. Eles contaram com o apoio de experientes críticos de arte como Fabio Magalhães, Fernando Cocchiarale, Ivo Mesquita, Justo Pastor Mellado, Andrea Giunta, Tereza de Arruda e Berta Sichel.
A água grande ou “Y guasú” se refere a uma região marcada pelo rio e por suas grandes quedas. Iguaçu, o rio que nasce em Curitiba, tem sua grande queda na cruz de três fronteiras. A analogia com a Bienal de Curitiba aqui é clara: a arte começa, ou melhor, nasce em Curitiba, e flui, se dispersa como as águas de rio.
As coordenadas de um mapa servem para assinalar pontos de vista. Na VentoSul, a representação geográfica se constrói a partir de um mapa mental no qual os países participantes da Bienal ajudam a pensar o caos formado pela geografia globalizada atual, que apaga marcos tradicionais, avança sobre a natureza, altera fluxos e cursos de rios. A mostra apresenta obras de artistas de 30 países de todo o mundo.
Intervenções urbanas, encontros com críticos de arte, palestras, programações educacionais e ações performáticas por toda a cidade complementam a Bienal VentoSul. As atividades da Bienal se estendem a Foz do Iguaçu, ao mesmo tempo que será inaugurada nessa cidade do Paraná a Universidade Federal de Integração Latino-Americana – Unila. Ela contará com cursos inovadores de abordagem interdisciplinar e será a primeira instituição de ensino superior de âmbito regional. Em seguida, parte da exposição seguirá para Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Brasília (DF), Assunção (Paraguai) e Buenos Aires (Argentina).
As fotos acima são de divulgação do evento. A primeira, no alto, é uma obra da sérvia radicada nos EUA Marina Abramovic. O grupo brasileiro BijaRi fez uma intervenção na Parque Birigui (Leonor Amarante é aquela de macacão azul, na bicicleta). E finalmente o cubano Kcho, com suas carteiras escolares com longas pernas de remo.