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ESPAÇO RECONSTRUÍDO
ARTISTA PLÁSTICO ROGÉRIO GOMES MONTA INSTALAÇÃO GIGANTE DENTRO DO SALÃO DE ATOS DO MEMORIAL
Com sua abóbada convexa e pé direito de 30 metros, o Salão de Atos guarda em seu interior gigantescas obras de Portinari, Poty e Carybé. É lá que o artista plástico Rogério Gomes montou sua “cidade”, sob a curadoria de Jacob Klintowitz. O artista alagoano e do mundo ousou ocupar a “catedral profana” do Memorial com uma grande instalação, que interfere e conversa com o entorno. E a denominou “Espaço Reconstruído”.
A obra com aproximadamente 10 metros quadrados é composta por 35 esculturas cujos tamanhos variam de 3.30 x 0,20 x 20m a 0,70 x 0,10 x 0,10m. Juntas, a idéia é que elas simulem uma cidade, imaginária a partir de sua praça central, como as Ágoras gregas. Da praça partem ruas que dão acesso ao painel Tiradentes, de Portinari, e aos baixo-relevos de Poty e Carybé. As ruas também permitem acesso às esculturas e, assim, a interação entre obra e expectador se completa.
A praça central mede três metros quadrados e os módulos que sustentam as esculturas representam o piso do bairro histórico de Jaraguá, que deu vida à cidade de Maceió, no século XIX. O material usado é madeira, MDF, tecido, alumínio, lixa e resinas, além de pigmentos com nuances variadas de marrom, laranja, vermelho e roxo. As falhas no piso das calçadas, ocasionadas ao longo dos anos pelo tempo e principalmente pela insensibilidade política dos administradores eleitos ou impostos, também estão representadas.
“Essa é uma obra inédita, mas resultante das reflexões que venho exercitando sobre o homem e sua relação com o mundo, proveniente de minhas inquietações e das leituras de meus autores prediletos, como Calvino, Borges e Saramago. Eles dizem muito a este respeito, ajudam-me e ao mesmo tempo tornam mais instigantes minhas inquietações, e, portanto minha maneira de ver e entender o mundo”, explica Rogério Gomes. “Em qualquer um dos percursos se pode ter em evidencia questões referentes à natureza, força ativa atuante na ordem natural de tudo o que existe, e à urbanidade como um método capaz de dotar as cidades de probabilidades inumeráveis, transformando-as em uma geografia fantástica, repleta de simbologia ocasionada pela multitude de detalhes buscada pelo olhar diferenciador de cada indivíduo, como referência para defini-la e definir-se”, completa.
Segundo o crítico de arte e curador da mostra Jacob Klintowitz, no texto Espelhos paralelos, escrito especialmente para a exposição, Rogério Gomes “trata de questões como o dentro e o fora, a dualidade do espaço, as incertezas do olhar, a simplicidade da percepção imediata. O artista reflete sobre o ambiente que nos cerca, em primeiro lugar. Em segundo lugar, a mesma obra se coloca como um paradigma, um método para se encarar o mundo e, deste entendimento, a sua obra trata do universo. Ai está de corpo inteiro o artista: ele pensa e sente o universo, duvida das certezas perceptivas, colhe a luz apolínea e a trança com a Febe notívaga e isto acontece no não-espaço da primeira das criações humanas, o sonho”.
SOBRE O ARTISTA
Nascido em Anadia, Alagoas, Rogério Gomes é formado em Pedagogia (1966) na Universidade Federal de Alagoas – UFAL, com pós-graduação em Lingüística (1974) na Universidade de São Paulo-USP e Mestrado em Educação (1975) na Universidade Federal da Bahia-UFBA. Freqüentou o atelier do artista alagoano Lourenço Peixoto, em Maceió, estudando, posteriormente, no Rio de Janeiro com Ivan Serpa.
Ao longo de sua carreira, recebeu prêmios de reconhecimento ao seu trabalho, como o Prêmio Aquisição – FUNARTE, Rio de Janeiro/RJ (1979), a Medalha de ouro, Secretaria de Educação e Cultura do Estado de Alagoas (1982) e o Prêmio Intervenção Urbana, XXII Salão Nacional de Artes Plásticas – Prêmio Brasília de Artes Plásticas (1991). Seus trabalhos se encontram em acervos do Brasil e do exterior: Fundação Banco do Brasil – Rio de Janeiro/RJ; Museu de Arte Contemporânea – Olinda/PE; Coleção Vogt – Berlim/Alemanha; Instituto Ítalo Latino-Americano – Roma/Itália; Museu de Arte Moderna – Salvador/BA; Museum of Fine Arts – Philadelphia/USA; Coleção Francisco Manoel Pimenta – Porto/Portugal; Neuhoff Gallery – New York/USA e Núcleo de Arte Contemporânea – Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa/PB, entre outros.
Sua produção já foi tema dos documentários Rogério Gomes – Construtor de espaços (2001 – SESC/SENAC – Programa o Mundo das Artes); Rogério Gomes: Vida e Obra (2009 – TV Gazeta, Rede Globo – Programa Terra e Mar) e Rogério Gomes (2010 – TV Educativa e Canal Brasil – Programa “O lugar da criação”)
Entre 2000 e 2004, aceitou o convite para reabrir a Pinacoteca Universitária de Alagoas realizando, então, extenso programa de exposições com artistas consagrados nacionalmente e iniciantes em ascensão, incluindo atividades como: seminários, palestras, conferências, concertos e cursos.
SOBRE O CURADOR
Jacob Klintowitz é crítico de arte, jornalista, editor de arte, designer editorial. Curador do Espaço Cultural Citi. Conselheiro do Instituto Lina Bo e Pietro Maria Bardi. Conselheiro do Museu Judaico de São Paulo. Vice-presidente do Instituto Anima Sophia. Prêmio Gonzaga Duque. Associação Brasileira de Críticos de Arte, pela atuação crítica no ano de 2001. É autor de 110 livros sobre teoria de arte, arte brasileira, ficção e livros de artista Tem sido Curador de centenas de mostras, entre outras, de exposições como “A Ressacralização da Arte”, SESC Pompéia; “Um século de Escultura no Brasil” (em co-autoria com Pietro Maria Bardi), Museu de Arte de São Paulo; “Formas e Ritmos na Arte Brasileira”. Museu de Charlottenborg, Dinamarca; e “João Câmara”, mostra itinerante em museus e casas de cultura da Dinamarca, Noruega e Alemanha e Brasil. Como crítico e jornalista trabalhou nos seguintes veículos: Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro; Jornal da Tarde, São Paulo; revista Istoé, SP; Rede Globo de Televisão, SP; revista Shalom, SP; revista Sras&Srs, Brasília; revista digital Agulha, Fortaleza; Revista da Indústria, FIESP.
Conheça a exposição pelos olhos de Rogério Gomes
SERVIÇO
Exposição “Rogério Gomes – Espaço Reconstruído”
Salão de Atos Tiradentes/ Fundação Memorial da América Latina
Avenida Auro Soares de Moura Andrade, 664 – Barra Funda – São Paulo, Portões 1, 5 e 6. Fone: 11. 3823-4600.
Abertura: 30 de setembro de 2010, às 19h30 na Biblioteca Victor Civita
Período de visitação: de 01 a 31 de outubro de 2010. Funcionamento: de terça a domingo, das 9h às 18h.
Entrada franca
Fotos: Daniela Agostini