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O primeiro ato das Jornadas Latino-Americanas “Angel Rama, um transculturador do futuro”, teve como destaque a ilustre presença do professor Antonio Candido, o mais destacado crítico literário do Brasil e tão respeitado quanto o principal personagem do encontro promovido pela Fundação Memorial da América Latina.
A cerimônia de abertura, no Anexo dos Congressistas, foi singela, com um leve toque de emoção. À mesa o presidente da Fundação Memorial, Fernando Leça, o professor Adolfo Melphi, do CBEAL, e os palestrantes Pablo Rocca (Universidade de La Republica, do Uruguai) Flávio Aguiar (FFCLH) e Ligia Chiappini (Universidade Livre de Berlim). E, em nome do pai, a filha, Amparo Rama.
A afinidade intelectual entre Rama e Antonio Candido, aliás, foi o que motivou o Centro Brasileiro de Estudos da América Latina – CBEAL – a juntá-los em um mesmo evento. Não para meramente comparar a densa e rica trajetória literária de cada um, mas sim com o sentido de identificar pontos comuns para o estudo e a reflexão dos participantes do curso que se desenvolve paralelamente aos debates sobre a obra de ambos.
O tema principal foi pautado pela dissertação em torno dos perfis intelectuais de Antonio Candido e Angel Rama. Numa linha comum entre os textos expostos, a obra do crítico literário uruguaio é vista como de fundamental importância para a literatura brasileira. Foi a partir de um encontro, nos anos 60, que nasceria um forte vínculo entre os dois e Rama se tornaria um dos pioneiros na divulgação da literatura brasileira no contexto latino-americano.
Na primeira fila da platéia, Antonio Candido, compenetrado, vai ouvindo. Primeiro a professora Lígia Chiappini: “As duas obras se conectam e estão contextualizadas histórica e socialmente”. Depois Pablo Rocca, que revelou: “Foi a Universidad de La República do Uruguai que concedeu ao professor Antonio Candido o primeiro titulo de Doutor Honoris Causa”.
Magnetismo pessoal
E o que Antonio Candido diria de Angel Rama? “O que mais me admirava em Angel era o seu magnetismo pessoal, que me cativou desde quando nos conhecemos no começo da década de 60”. A filha de Angel, Amparo Rama, foi testemunha ocular dessa relação entre o pai e Antonio Candido. Confirmou, e acrescentou: “Sim, o magnetismo pessoal de meu pai era algo muito forte. Mas Candido também era assim. Eles tiveram uma relação profícua, prazeirosa, que resultou em importante legado para a literatura da América Latina”.
As Jornadas Latino-Americanas “Angel Rama, um transculturador do futuro”, continuam até o dia 28. Aos sábados, os cursos emitirão certificado para quem tiver 75% de presença. E no dia 27 um novo encontro, que terá como tema principal: Antonio Candido e Angel Rama, intelectuais do espaço público.
Participe dos encontros e curso ‘Ángel Rama, um transculturador do futuro’
Texto: Daniel Pereira
Fotos: Fábio Pagan