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Saiba mais sobre a 20ª Bienal do Livro de São Paulo
Veja como foi a abertura da Bienal do Livro
O escritor cubano Edmundo Desnoes falou ao público na 20ª Bienal do Livro de São Paulo, no Salão de Idéias de 20 de agosto de 2008. Nesse dia, Desnoes lançou seu livro, “Memórias do Subdesenvolvimento”, editado pela Fundação Memorial da América Latina.
O autor de 79 anos esteve no Brasil recentemente para participar do 3º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo. Na ocasião, o ele integrou uma mesa redonda que discutiu a obra do cineasta cubano Tomás Gutierrez Alea, que filmou “Memórias do Subdesenvolvimento”.
Um pouco anterior ao filme, o livro de Desnoes foi escrito em 1965 e só em 2008 ganhou sua primeira tradução para o português, realizada por Elen Döppenschmitt. Já o filme, do qual ele foi roteirista junto com Alea, completa 40 anos neste ano e segue como uma referência.
O livro é um importante registro produzido sobre a revolução socialista de 1959. Conta a história de Sérgio, um burguês que decide ficar em Cuba após a revolução, enquanto toda sua família deixa o país. A trama se constitui na confrontação entre uma realidade efervescente que instala novos valores e Sergio que tem dificuldade em crer neles e duvida dos valores do passado.
Após ter participado do roteiro do filme, Desnoes incluiu no livro algumas cenas que escreveu para o filme, a pedido de Alea. Por isso, o livro editado pelo Memorial conta com três contos produzidos pelo protagonista do livro, ou seja, são contos escritos por Sergio.
Desnoes disse que, ao escrever “Memórias do Subdesenvolvimento”, optou conscientemente pela ambigüidade. Por isso quem lê o livro fica na dúvida se Sergio é a favor ou contra a revolução. Questionado se o livro tem caráter autobiográfico, Desnoes falou que Sergio tem um pouco dele mesmo, que apoiava alguns pontos da revolução e outros não. Por isso partiu para o exílio nos Estados Unidos em 1980. Seu amigo Alea, chamado por ele de Titón, permaneceu na ilha, onde morreu em 1996.
OUTROS LANÇAMENTOS
Além do livro de Desnoes, o Memorial lançou outros títulos na 20ª Bienal do Livro:
“Ciclo de Debates – 1º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo 2006”, organizado por Maria Dora Mourão, professora do Departamento de Cinema, rádio e TV da Escola de comunicações e Artes da USP.
O livro trata das quatro mesas de debates que aconteceram na 1ª edição do festival – o festival já teve três edições – e contaram com presenças emblemáticas do mundo do cinema: Nelson Pereira dos Santos, Fernando Birri, Miguel Littín, Orlando Senna, José Carlos Avelar, Octavio Gettino, Marcelo Piñeyro, Beto Brant e muitos outros, de vários países latino-americanos.
Os debatedores traçaram um panorama do cinema na região, passando por três grandes temas: “O Novo Cinema Latino-Americano”, “A Desinvenção da Fronteira” e “A invenção do Caminho”. O cineasta argentino Fernando Birri foi o homenageado daquela edição e proferiu uma aula magna sobre A Refundação do Cinema Latino-Americano, também transcrita no livro.
Como pertencem a diferentes gerações, os cineastas debatedores puderam fazer uma retrospectiva do cinema latino-americano, passando por sua afirmação mundial, na época dos cinemas novos – movimento que aconteceu simultaneamente em vários países – e chegando ao momento atual, que é considerado como “refundação” por Birri.
Coleção Marta Traba
Coleção de livros de bolso sobre história da arte. Foram lançados cinco títulos:
1 – Força perene de Oswaldo Guayasamín: a magia do reencontro, de Cremilda Medina
Neste ano, em que comemoramos os 19 anos do Memorial e os dez da Galeria Marta Traba, tivemos a oportunidade de mostrar parte do percurso de Guayasamin, definido carinhosamente por Pablo Neruda como “anfitrião de nossas raízes”. O pintor equatoriano marcou sua vida artística pela poesia, sem deixar de se envolver com as questões sociais, como salienta Cremilda Medina, jornalista, professora titular da Escola de Comunicação e Artes da USP, em texto crítico. Grande parte de seus quadros exprime sua revolta diante da dor, do sofrimento e da opressão, como revelam tanto suas pinturas e gravuras realizadas ao longo de sua carreira.
2 – Arte moderna e arte atual latino-americanas: um olhar em revista, de Carmen S. G. Aranha e Evandro C. Noronha
A modernidade chegou à América Latina balizada por horizontes culturais estrangeiros. Características dos contextos latino-americanos agregaram temáticas nacionalistas às linguagens plásticas importadas. Este ensaio da professora Carmen S. G. Aranha e do mestrando Evandro C. Nicolau aborda a fusão de influências estrangeiras e de elementos do universo local na arte produzida por mestres como Diego Rivera, Wifredo Lan, Torres Garcia e outros expoentes latino-americanos. É uma análise de como as imagens americanas mesclaram-se aos ditames dos movimentos provenientes do exterior.
3 – Modernidade Latino-americana: a postura crítica de Marta Traba, de Paulo Roberto Amaral Barbosa
Marta Traba foi precursora na luta por aproximar a arte produzida na América Latina da realidade latino-americana. Sua principal preocupação referia-se à invasão cultural norte-americana e a submissão do restante do Continente aos valores impostos pelos Estados Unidos a partir dos 50 e 60 do século XX. O presente ensaio de Paulo Roberto Amaral Barbosa – mestre em Estética e História da Arte pelo programa de Pós-graduação em Estética e História da Arte da USP – analisa a reação de Marta Traba contra a opressão cultural. Nascida na Argentina, formada em Filosofia e História da Arte, e opositora do regime peronista, ela viveu na Europa, onde estudou História da Arte, e depois na Colômbia. Como também morou em vários outros países da América Latina, teve o ambiente necessário para observar e investigar a identidade dos povos em questão.
4 – Comunidades artísticas: as Américas e o mundo conectados, de Inês Albuquerque e Paulo Cezar Barbosa Mello
Hoje, o ponto de encontro de artistas e investigadores interessados na discussão e na criação artística também pode ser virtual. Paralelamente, essa evolução de suportes proporcionou uma interação como alternativa à simples fruição. Inês Albuquerque, professora da Universidade Sênior da Ajuda, em Lisboa, e Paulo César Barbosa Mello, mestre em Estética e História da Arte, analisam o papel dos chamados meios pós-modernos e sua influência no fazer artístico atual. Para eles, os novos veículos, além de conduzir a uma estética muito particular, apresentam especificidades que contribuem para a definição de um novo tipo de arte.
5 – Cuzco, Umbigo do Mundo, de Elza Ajzemberg
A historiadora e pesquisadora Elza Ajzenberg mergulhou no império incaico, no início formado por um complexo conjunto de tribos e nações que se comunicavam por meio de dezenas de línguas e adoram deuses diferentes. Elza ainda aborda a expansão do barroco que abrange os séculos XVII e XVIII e o impulso da criatividade nascida na época gerando idéias e estilos com acabamentos meticulosos, característica dessa arte nascida na América hispânica.
Da Coleção Memo foi lançado Evita Perón, de Carolina Barry.
O trabalho realizado por essa mulher, geradora de ódios e idolatrias na mesma proporção e intensidade, embora as paixões tenham se aplacado um pouco, é considerado por muitos no ambiente acadêmico de relativa importância para seu tratamento. No entanto, é impossível entender o peronismo sem analisar a figura e a liderança de Evita. Pois bem, quem foi essa mulher que, a meados do século XX conseguiu compartilhar a posição de liderança com um dos políticos mais poderosos da Argentina, quando ainda não havia nem mesmo direto a voto para as mulheres? Qual foi o processo que a levou a se transformar em uma figura emblemática e em sinônimo do peronismo?
Você encontra os lançamentos à venda no próprio Memorial, em sua biblioteca.
Mais informações no telefone 3823.4600
“Memórias do Subdesenvolvimento”, de Edmundo Desnoes
Preço: R$ 20,00
“Ciclo de Debates – 1º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo 2006”, org. Maria Dora Mourão: R$ 15,00
Livros da Coleção Marta Traba: R$ 5,00, cada livro
Livro da Coleção Memo: R$ 5,00
Revista Nossa América: R$ 5,00